O MEL DO ROCK

O MEL DO ROCK

Pesquisar este blog

terça-feira, 24 de maio de 2011

GRANDES NOMES DO ROCK NACIONAL COMENTAM LEGADO DE BOB MARLEY

Há exatamente 30 anos morria Bob Marley, o maior representante do reggae mundial. Sua história e seu legado são indiscutíveis no meio que ajudou a criar. Mas Robert Nesta Marley, nome de batismo do músico, foi muito além das fronteiras do estilo contestador surgido na Jamaica no início dos anos 1970. "Ele está acima do bem e do mal. Foi um marco e é referência até hoje", afirmou Kiko Loureiro, guitarrista do Angra, um dos grandes nomes do rock nacional entrevistados pelo Terra nesta quarta-feira (11) em virtude da histórica data. E a opinião é unânime. "Assim como Elvis Presley iniciou o rock, Bob Marley tem esse crédito por ter colocado o reggae no mundo. Ele era o porta-voz da música jamaicana", disse Kid Vinil, um dos maiores impulsionadores do movimento punk nacional.

Mesmo quem não foi influenciado pelo músico diretamente provavelmente o teve como fonte de inspiração indireta. Bandas como The Clash e The Police, representantes do rock na década de 1980, sempre deixaram claro em suas canções seus gostos pela lenda de longos cabelos estilo rastafari. "O reggae nunca foi muito a minha praia, mas eu conheci o estilo através dessas bandas. E até alguns grupos de punk ingleses, que eu sempre admirei, se influenciaram em Bob", disse Nasi, ex-vocalista do Ira, hoje em carreira solo. "O punk e o new wave absorveram alguns elementos do reggae", explicou Kid Vinil, contando que a música Punky Reggae Party, incluída apenas em coletâneas de Marley, "era meio que uma homenagem dele aos punks da época que usavam elementos do reggae".

Kiko Loureiro teve contato semelhante com o artista, mas através de Eric Clapton, cuja gravação de I Shot the Sheriff foi definida por ele como "muito marcante". "Foi só depois que eu fui descobrir que era do Bob essa música. Ele influenciou muitas bandas na Inglaterra, nos EUA e até aqui no Brasil, como Gilberto Gil, que fez ótimas releituras de suas composições".

E não foram somente as canções, o ritmo e a mensagem política nas letras de Bob Marley os responsáveis por atrair músicos de diversas gerações a ouvir seu trabalho. "Por mais que eu toque metal, eu ouço muito reggae. Muito também por causa da presença que ele tinha no palco, para absorver a energia dele", contou Mi, vocalista da banda Glória. "Ele também foi um compositor de mão cheia", completou.

Diferente de Mi, Silvio Golfeti, guitarrista e fundador da banda de heavy metal Korzus, afirmou não ter acompanhado muito o trabalho de Bob, mas se une ao coro dos outros rockeiros que veem o mito do compositor jamaicano como indiscutível. "Ele foi um ícone. Dentro do que fez, foi um dos tops, o mais importante. Fez por merecer, e, se estivesse vivo, estaria fazendo sucesso".

Além da música
Apesar do posicionamento político, de defensor da liberdade e da democracia, é quase unânime a opinião entre os artistas entrevistados de que o verdadeiro legado de Marley foram mesmo as composições deixadas por ele após sua morte. "Claro que ele vai ser lembrado também por esse lado político, a mensagem de paz e amor, de confraternização. Pela própria imagem rasta, que é muito forte. Mas é a música que vai ficar aí por muitos séculos ainda", disse Kiko.

Nasi corrobou com a afirmação, citando o cantor como o grande criador do reggae, ao unir em uma fórmula os estilos ska e a música negra norte-americana. "Não posso falar que ele vá ficar marcado como o contestador que foi, mas sim pela sua música, que está aí até hoje".

Kid Vinil chegou a comparar Bob Marley com o The Clash para explicar que seus trabalhos, nos dois casos, vão além das mensagens políticas. "O que na verdade ficou dele foram os discos, como Catch a Fire, por exemplo. Assim como o Clash, a música falou muito mais do que a mensagem passada".

Nenhum comentário:

Postar um comentário