RIO - Poucas bandas no mundo conseguem continuar relevantes em seu oitavo disco. É ainda mais raro um grupo lançar uma obra-prima num ponto tão avançado da carreira. Pois em 1981 o Rush surpreendeu o mundo com "Moving pictures". Os três nerds de Toronto tinham uma base estabelecida de fãs, mas ainda não haviam produzido nenhum hit em 13 anos de carreira - boa parte dela dedicada a longas suítes de rock progressivo. Mas isso estava prestes a mudar graças ao disco que venderia quatro milhões de cópias só nos EUA e daria à banda sua primeira música a se tornar sucesso radiofônico, "Tom Sawyer".
Após a extravangâcia progressiva de "Hemispheres", de 1978 - com os 18 minutos da suíte "Cygnus X-1" e a instrumental "La Villa Strangiato", classificada pelos próprios músicos como "um exercício de auto-indulgência" -, o Rush já havia retornado a músicas mais curtas e acrescentado elementos típicos da new wave e do reggae ao seu som elaborado em "Permanent Waves", de 1980.
No ano seguinte, a banda decidiu manter esse caminho em "Moving pictures", disco no qual o baterista e letrista Neil Peart voltava a dois de seus temas favoritos: movimento e liberdade - e as ameaçadoras e constantes tentativas de cerceá-los. A técnica impecável está lá, com sonoridade mais moderna e sem medo de ser popular, mas evitando sempre os modismos que tornaram tantas obras do início da década de 80 datadas.
Para comemorar os 30 anos do disco, a Universal lançou uma versão de luxo do CD com um belo encarte recheado de fotos das sessões de gravação, texto do renomado jornalista David Fricke sobre o álbum e todas as letras. Acompanha ainda um DVD (ou Blu-Ray) com vídeos de "Tom Sawyer", "Limelight" e "Vital signs" com som mix surround 5.1.
"Moving Pictures" começa com uma das introduções mais conhecidas do rock, o teclado e bateria de "Tom Sawyer", celebrizada no Brasil como música de abertura do seriado "Profissão: Perigo", aquele do McGyver. Inspirado no clássico de Mark Twain, Peart imagina como seria nos dias atuais o garoto cuja "mente não está a venda / para nenhum Deus ou governo". A letra foi escrita junto com Pye Dubois, numa parceria rara.
Na segunda música, "Red Barchetta", o baterista volta a mostrar as fortes influências da literatura em suas composições. A canção é inspirada no conto "A Nice Morning Drive", de Richard Foster, e foi batizada em homenagem ao carro favorito de Peart, a Ferrari 166, conhecida como Barchetta. Num futuro onde carros velozes são proibidos, o autor encontra uma "Barchetta vermelha" na casa de um tio e aproveita os domingos para sentir o prazer e a liberdade da velocidade.
Na sequência vem "YYZ", música instrumental que costuma atrair até mesmo os que não são fãs do estilo rebuscado do Rush. O nome da canção faz referência ao código do aeroporto de Toronto e o riff reproduz as letras YYZ em código morse. Pela complexidade de execução, a música se tornou ao longo do tempo um padrão para determinar qualidade de instrumentistas, além de uma favorita em jogos como "Guitar Hero" e "Rock Band".
O segredo para a longevidade do Rush pode ser encontrado na letra de "Limelight". Acompanhado pelo riff hard rock de Alex Lifeson e a bateria quebrada de Peart, Geddy Lee canta como todo artista deve se proteger da alienação causada pela "jaula dourada" que é a vida de estrela do rock, mantendo a "fascinação" e "relação verdadeira" com a música.
A canção mais longa do disco é "Camera Eye", com quase 11 minutos de duração. Ela traz uma longa introdução de teclados antes de se dedicar a descrever as cidades de Nova York e Londres. Logo em seguida vem "Witch hunt", uma música sombria sobre censura e preconceito. O disco fecha com "Vital signs", onde as influências do reggae ficam claras nos riffs de guitarra. O forte uso de sequenciadores já indica o caminho que a banda tomaria no disco seguinte, "Signals".
Vale lembrar que na atual turnê, "Time Machine", a banda toca o disco na íntegra, levando os fãs ao delírio. Como o baterista e letrista Neil Peart fala no documentário "Beyond the lighted stage", "Tom Saywer" nunca deixa de ser prazerosa de tocar, pois é sempre difícil. E é sempre um prazer pra gente ouvir também, Neil.
Após a extravangâcia progressiva de "Hemispheres", de 1978 - com os 18 minutos da suíte "Cygnus X-1" e a instrumental "La Villa Strangiato", classificada pelos próprios músicos como "um exercício de auto-indulgência" -, o Rush já havia retornado a músicas mais curtas e acrescentado elementos típicos da new wave e do reggae ao seu som elaborado em "Permanent Waves", de 1980.
No ano seguinte, a banda decidiu manter esse caminho em "Moving pictures", disco no qual o baterista e letrista Neil Peart voltava a dois de seus temas favoritos: movimento e liberdade - e as ameaçadoras e constantes tentativas de cerceá-los. A técnica impecável está lá, com sonoridade mais moderna e sem medo de ser popular, mas evitando sempre os modismos que tornaram tantas obras do início da década de 80 datadas.
Para comemorar os 30 anos do disco, a Universal lançou uma versão de luxo do CD com um belo encarte recheado de fotos das sessões de gravação, texto do renomado jornalista David Fricke sobre o álbum e todas as letras. Acompanha ainda um DVD (ou Blu-Ray) com vídeos de "Tom Sawyer", "Limelight" e "Vital signs" com som mix surround 5.1.
"Moving Pictures" começa com uma das introduções mais conhecidas do rock, o teclado e bateria de "Tom Sawyer", celebrizada no Brasil como música de abertura do seriado "Profissão: Perigo", aquele do McGyver. Inspirado no clássico de Mark Twain, Peart imagina como seria nos dias atuais o garoto cuja "mente não está a venda / para nenhum Deus ou governo". A letra foi escrita junto com Pye Dubois, numa parceria rara.
Na segunda música, "Red Barchetta", o baterista volta a mostrar as fortes influências da literatura em suas composições. A canção é inspirada no conto "A Nice Morning Drive", de Richard Foster, e foi batizada em homenagem ao carro favorito de Peart, a Ferrari 166, conhecida como Barchetta. Num futuro onde carros velozes são proibidos, o autor encontra uma "Barchetta vermelha" na casa de um tio e aproveita os domingos para sentir o prazer e a liberdade da velocidade.
Na sequência vem "YYZ", música instrumental que costuma atrair até mesmo os que não são fãs do estilo rebuscado do Rush. O nome da canção faz referência ao código do aeroporto de Toronto e o riff reproduz as letras YYZ em código morse. Pela complexidade de execução, a música se tornou ao longo do tempo um padrão para determinar qualidade de instrumentistas, além de uma favorita em jogos como "Guitar Hero" e "Rock Band".
O segredo para a longevidade do Rush pode ser encontrado na letra de "Limelight". Acompanhado pelo riff hard rock de Alex Lifeson e a bateria quebrada de Peart, Geddy Lee canta como todo artista deve se proteger da alienação causada pela "jaula dourada" que é a vida de estrela do rock, mantendo a "fascinação" e "relação verdadeira" com a música.
A canção mais longa do disco é "Camera Eye", com quase 11 minutos de duração. Ela traz uma longa introdução de teclados antes de se dedicar a descrever as cidades de Nova York e Londres. Logo em seguida vem "Witch hunt", uma música sombria sobre censura e preconceito. O disco fecha com "Vital signs", onde as influências do reggae ficam claras nos riffs de guitarra. O forte uso de sequenciadores já indica o caminho que a banda tomaria no disco seguinte, "Signals".
Vale lembrar que na atual turnê, "Time Machine", a banda toca o disco na íntegra, levando os fãs ao delírio. Como o baterista e letrista Neil Peart fala no documentário "Beyond the lighted stage", "Tom Saywer" nunca deixa de ser prazerosa de tocar, pois é sempre difícil. E é sempre um prazer pra gente ouvir também, Neil.
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