O MEL DO ROCK

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segunda-feira, 23 de maio de 2011

BANDAS PARAENSES DISPUTAM FESTIVAL EUROPEU

Belém receberá pela primeira vez uma edição do Wacken Open Air Metal Battle, um dos maiores festivais de heavy metal do mundo. Organizado pela revista Roadie Crew, especializada em heavy metal e classic rock, o festival tem etapas regionais para selecionar a banda que irá participar da grande final, realizada no mês de agosto, no vilarejo de Wacken, norte da Alemanha. Este ano o festival terá Sepultura, Ozzy Osbourne, Motorhead, Kreator e Morbid Angel entre as suas 90 atrações.

A seletiva paraense vai reunir as bandas Hellride, A Red Nightmare, Necroskinner, Warpath e All Still Burns, valendo uma vaga para a etapa nacional, marcada para o dia 24 de junho, no Festival Roça ‘n’ Roll, em Varginha (MG).

Para coordenar o júri da edição paraense está em Belém o editor da Roadie Crew, o paulista Airton Diniz, 60 anos, que conversou com a gente.

P: Como começou a Roadie Crew?

R: Sou formado em economia, mas desandei para tecnologia de sistema e informática. Aos 40 anos, com 25 anos de carreira no ramo, resolvi fazer um fanzine com meu sobrinho Cláudio Vicentin. Ele toca bateria, sempre foi ligado à música e trabalhou na década de 90 como roadie do Angra. Queríamos falar de metal: bandas, shows, lançamentos, bastidores, novidades do meio.

P: E qual foi a repercussão?

R: Chamamos a atenção logo de cara. Pelos contatos do Cláudio no meio artístico, tivemos acesso irrestrito aos bastidores do Festival Monsters of Rock, em 1994, que trouxe o Slayer. Isso gerou matérias que nem a grande mídia conseguiu. Estávamos no período pré-internet, sem acesso fácil à informação e sem espaço na grande mídia para um público segmentado. Em 1998, fechamos com uma grande distribuidora e lançamos a revista através da nossa própria editora. Este mês completamos 13 anos, com 143 edições.

P: O fã de metal é um público fiel. Mas o que isso significa em termos financeiros?

R: O metal mudou, e a revista também. Hoje o rock pesado possui muitas ramificações, e para abarcar esses diferentes estilos mudamos nossa linha editorial para classic rock e heavy metal. Continuamos segmentados, mas agora voltados para um lance mais reflexivo, de contar a história, dar referências ao fã, e não apenas falar de lançamentos ou da agenda, informações que têm vida útil muito curta, pois a internet supre essa demanda. Lançamos edições temáticas especiais, sobre a década de 80 no metal, por exemplo.

O metaleiro é um público diferente. Ele é um fã especializado. Quando escuta um disco, é quase um ritual. Ele se concentra, presta atenção na linha do baixo, lê a ficha técnica do disco, entra de cabeça nos detalhes. É uma fidelidade absoluta. Isso significa que é um dos poucos públicos que compra CD e material original. Tudo isso faz parte da experiência de gostar de metal. Por isso o sucesso da revista. Nossa publicação ultrapassa 60% de vendas, enquanto 30% já são fora do normal.

P: Como começou a parceria com o festival?

R: O Wacken Festival começou há 22 anos, num vilarejo alemão que tem apenas 1.600 pessoas, com um punhado de metaleiros na carroceria de um caminhão. Hoje é o principal festival de metal europeu, com três dias de duração, 90 bandas e um público de 70 mil pessoas. Nossa relação com o festival começou no ano 2000, quando fizemos a cobertura do evento. Em 2005, quando eles bolaram o projeto Metal Battle, para dar espaço a novos talentos fora da Alemanha, nos chamaram para organizar o evento no Brasil.

P: O que a banda vencedora pode esperar?

R: O Metal Battle é um adendo ao Wacken Festival. São 32 países, mas na América do Sul ele acontece somente no Brasil. A disputa vale um contrato com a Wacken Records. As seletivas brasileiras acontecem em 21 cidades, cada um com cinco bandas selecionadas pela revista. A exposição para o vencedor é enorme. O Torture Squad, de São Paulo, ganhou em 2006. No ano seguinte fez uma turnê pela Europa bancada pela Wacken Records.

P: Como você avalia a cena metaleira no Norte?

R: Belém é um das principais referências do metal brasileiro, já que o Stress foi a primeira banda de metal a gravar no país. A cena da região Norte é impressionante. A banda Snatch, que ganhou a seletiva de Manaus, é uma das melhores de 2010. Mas o grande problema é a distância física. É muito dispendioso levar uma banda de Belém para um show em São Paulo. Além disso, ainda existe um ranço do público brasileiro em relação a bandas locais. O cara prefere ver uma banda mediana de fora, da qual ele nunca ouviu falar, do que uma banda brasileira que seja muito boa, embora pouco conhecida.

ASSISTA

Seletiva paraense do Wacken Metal Battle Belém 2011, com as bandas Hellride, A Red Nightmare, Necroskinner, Warpath e All Still Burns. Hoje, às 19h, no Studio Pub (travessa Presidente Pernambuco, 277). Ingresso: R$ 15. Informações: 8702-8350.

(Diário do Pará)

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