O MEL DO ROCK

O MEL DO ROCK

Pesquisar este blog

terça-feira, 24 de maio de 2011

BOB DYLAN COMPLETA 70 ANOS EM MEIO A BOATOS DE RETORNO AO BRASIL

Em meio a boatos sobre mais uma passagem pelo Brasil, desta vez para se apresentar no festival SWU, o cantor e compositor norte-americano Bob Dylan comemora nesta terça-feira (24) 70 anos de idade com uma das mais prolíficas carreiras do rock. Em meio século de estrada, foram lançados 56 discos do músico, entre álbuns de inéditas, coletâneas e performances ao vivo.

A importância de Dylan para a música é tão grande que, em 2008, ele foi eleito pela revista norte-americana Rolling Stone o segundo mais influente artista de rock de todos os tempos , ficando atrás apenas dos Beatles. Além disso, a mesma publicação o elegeu o sétimo melhor cantor do mundo pop e colocou sua composição Like a Rolling Stone, de 1965, como a melhor canção já escrita na história da música.

É incontável o número de artistas influenciados pelo neto de judeus russos nascido na pequena cidade de Duluth, no Estado de Minnesota, sob o nome de Robert Allen Zimmerman. John Lennon era notório fã do cantor, assim como seu colega de Beatles George Harrison, a lenda do reggae Bob Marley, o guitarrista Jimi Hendrix e os eternos Rolling Stones, todos responsáveis por regravar sucessos de Dylan.

Além disso, sua personalidade subversiva deu ânimo à juventude em uma época em que as liberdades individuais, a guerra e o racismo eram regra no mundo dividido pela Guerra Fria entre EUA e URSS. Canções como Blowin´ in the Wind, do álbum The Freewheelin' Bob Dylan - disco de platina em território norte-americano e hit número 1 nas paradas britânicas -, representaram o clamor de paz do movimento hippie que florescia naquela década.

Em 1963, participou da Marcha sobre Washington, gigantesca manifestação liderada pelo pastor Martin Luther King que reuniu mais de 250 mil pessoas na capital norte-americana gritando por liberdade, trabalho e, principalmente, pelo fim da discriminação racial que dominava o país. Only a Pawn in Their Game, homenagem ao ativista de direitos afro-americanos Medgar Evers, morto no mesmo ano, e When the Ship Comes In, tocada ao lado da artista folk Joan Baez, foram algumas das canções apresentadas por ele na ocasião.

Além de Baez, cantora de enorme importância na música folk no início dos anos 1960, grandes nomes da época ajudaram a popularizar as canções de Dylan, cujas letras e melodias geravam enorme identificação entre os artistas.

Sobre o músico, o falecido Beatle George Harrison disse certa vez: "suas letras, sua atitude, tudo isso era original e maravilhoso"; John Lennon, em 1964, o elogiou ao falar da música folk, "eu gosto de Joan Baez, mas amo Bob Dylan". Mais recentemente, em 2008, Paul McCartney revelou, quando questionado sobre o artista com o qual ainda gostaria de fazer parceria: "seria amável colaborar em algo com Bob Dylan".

Casado por duas vezes, uma com Sara Lowds, em 1965, - com quem teve quatro filhos, entre eles Jakob Luke, que se tornou fundador da banda Wallflowers -, e outra com a cantora Carolyn Denis, em 1986 - com quem teve uma filha e se divorciou em 1992 -, Zimmerman é também pintor e autor de livros.

Seus quadros já ganharam diversas exposições, inclusive uma batizada de The Brazil Series, baseada em suas impressões sobre o País quando nele fazia turnê.

Dylan também escreveu diversos livros, como Forever Young, Chronicles e Slow Train Coming.

CENSURA

Em abril deste ano, Dylan causou polêmica entre a imprensa europeia e norte-americana ao não tocar canções de tom político em sua apresentação em Pequim, capital da China, república conhecida pelo caráter repressivo contra ativistas que vão contra o regime vigente. A crítica usou como embasamento o fato de, não só o cantor não ter apresentado faixas como Blowin in the Wind, como de ter tido seu setlist previamente analisado pela produção do evento e, pior, não ter sequer citado o nome do artista local Ai Wei Wei, preso no país por dissidência política.

Também foi bradada uma suposta proibição de o músico se apresentar em território chinês no ano anterior, mas, assim como todas as outras críticas feitas a ele em relação ao evento, foi rechaçada por Dylan em seu site oficial.

"Em primeiro lugar, eu nunca tive permissão negada para tocar na China. Tudo isso foi inventado por um promotor que estava tentando me levar para lá depois de eu ter tocado no Japão e na Coréia. Meu chute é que o cara imprimiu os ingressos e fez promessas a certos grupos sem ter feito qualquer acordo comigo", escreveu sobre o suposto veto.

Em relação à censura no repertório, divulgou: "o Governo chinês pediu o nome das músicas que tocaríamos e nós enviamos os setlists dos shows ocorridos nos três meses anteriores. Se houve alguma canção ou verso censurado, ninguém me disse nada e nós tocamos todas as músicas que pretendíamos tocar".

DROGAS

Em entrevista realizada em 1966 e divulgada na segunda-feira (23), Dylan admite que sofreu com o vício em heroína durante seu auge, na década de 1960. "Eu me livrei da dependência em Nova York. Ela foi muito, muito forte por um tempo e eu cheguei a gastar US$ 25 por dia com a droga" - valor que, nos dias de hoje, equivaleria a US$ 180.

A declaração foi feita em uma entrevista de duas horas concedida ao amigo e jornalista Robert Shelton, durante um voo entre as cidades de Lincoln, Nebraska, e Denver, Colorado, em turnê nos EUA.

A gravação foi redescoberta durante pesquisas para a publicação de uma versão atualizada da biografia de Shelton, No Direction Home, publicada originalmente em 1986. A nova edição deve coincidir com a comemoração dos 70 anos de Dylan.

"Havia boatos ao longo dos anos de que Bob Dylan esteve envolvido com heroína, mas eu certamente nunca havia escutado ele mesmo dizendo isso", comentou Mick Brown, jornalista cultural do diário The Daily Telegraph, com diversas entrevistas com o músico em seu currículo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário