Por João Gonçalves
Lisboa teve o privilégio de ser a primeira cidade a receber o renovado muro de Roger Waters. Os fãs portugueses desprezaram a crise e esgotaram o Pavilhão Atlântico aprovando a versão revista e actualizada de The Wall.
Cerca de 16 mil pessoas em ambiente familiar provaram que The Wall é um dos discos mais transversais a todas as gerações da história do rock. Muito mais do que um simples concerto como se tinha visto em 2006 no Rock in Rio quando Waters apresentou The Dark Side of The Moon, The Wall é um autêntico musical vivido a três dimensões dividido em duas partes de uma hora cada com um intervalo de 25 minutos pelo meio. Uma experiência única que faz muito mais sentido para quem há três décadas viu o filme e ouviu os discos vezes sem conta.
Para os fãs dos Pink Floyd que passaram os anos 80 fascinados com a banda, esta noite terá sido emocionante não só por verem as imagens de marca em grande definição e dimensão como é o caso do exército de martelos, os insufláveis associados ao imaginário dos temas «Mother», «Another Brick In The Wall» ou o famoso porco voador mas também porque as mensagens genéricas à volta deste muro foram adaptadas aos dias de hoje sem grande esforço o que deve impressionar as gerações mais recentes.
É dificil eleger os melhores momentos da noite uma vez que as duas partes estão recheadas de momentos épicos. Musicalmente o destaque tem que ir para «Another Brick In The Wall» um hino que não vamos ouvir muitas mais vezes cantado na voz de Roger Waters, que por cá contou com a ajuda de um coro de 15 miúdos da associação cultural da Cova da Moura. Deliciados, espantaram o gigante professor insuflado.
Surpreendente a versão de «Mother» em que Roger Waters cantou em dueto consigo! Recuperou a sua interpretação de um concerto em Londres dos anos 80 que foi projectada em imagem e voz enquanto juntou a sua voz ao vivo resultando num belo momento.
Também «Goodbye Blue Sky» esteve à altura da grandeza como a maior parte dos temas tocados, diga-se. A excepção ficou para um solo absolutamente assassino que pintou o muro de azeite puro estragando o clássico «Comfortably Numb». A imagem do guitarrista no topo do muro todo erguido a abanar a cabeleira enquanto solava é coisa para alimentar pesadelos durante algumas semanas.
O musical segue a lógica de construção do muro durante a primeira parte que acaba com o clássico «Goodbye Cruel World» com Waters a espreitar antes de ser colocado o último tijolo no muro. O sistema de iluminação e projecção de imagens faz as delícias dos nossos olhos durante a segunda parte onde chega a dar a ilusão que os tijolos estão a cair várias vezes. É inesquecível a projecção de algumas partes do filme que dá nome ao espectáculo naquela tela gigante, chega mesmo a dar a ideia que estamos perante um ecrã cinematográfico.
Em 2011, The Wall continua a fazer sentido. Atira-se ao consumismo expondo mesmo algumas marcas de automóveis ou gasolineiras, lembra que a Big Mother passou a Big Brother e está de olho em nós, e não esquece a geração iPod mostrando palavras derivadas como iKill, iLose, iProfit.
É um excelente trabalho de actualização e uma produção majestosa que marca o regresso de Roger Waters aos palcos. Uma das bandas sonoras das nossas vidas ao vivo e a cores para que possamos dizer que 30 anos depois vimos o avião sobre as nossas cabeças a aterrar contra o muro acabando em chamas. Marcante hoje tal como tinha sido quando nasceu o muro de Waters. Pena é que se passe uma vida e não consigamos ver por cá os Pink Floyd, ou o que resta deles, em versão conjunta. Já tivemos a banda sem Roger Waters, temos Waters sem a banda e até grupos de tributo que enchem salas... Talvez ainda aconteça, sabe-se lá o que está por detrás do muro.
Lisboa teve o privilégio de ser a primeira cidade a receber o renovado muro de Roger Waters. Os fãs portugueses desprezaram a crise e esgotaram o Pavilhão Atlântico aprovando a versão revista e actualizada de The Wall.
Cerca de 16 mil pessoas em ambiente familiar provaram que The Wall é um dos discos mais transversais a todas as gerações da história do rock. Muito mais do que um simples concerto como se tinha visto em 2006 no Rock in Rio quando Waters apresentou The Dark Side of The Moon, The Wall é um autêntico musical vivido a três dimensões dividido em duas partes de uma hora cada com um intervalo de 25 minutos pelo meio. Uma experiência única que faz muito mais sentido para quem há três décadas viu o filme e ouviu os discos vezes sem conta.
Para os fãs dos Pink Floyd que passaram os anos 80 fascinados com a banda, esta noite terá sido emocionante não só por verem as imagens de marca em grande definição e dimensão como é o caso do exército de martelos, os insufláveis associados ao imaginário dos temas «Mother», «Another Brick In The Wall» ou o famoso porco voador mas também porque as mensagens genéricas à volta deste muro foram adaptadas aos dias de hoje sem grande esforço o que deve impressionar as gerações mais recentes.
É dificil eleger os melhores momentos da noite uma vez que as duas partes estão recheadas de momentos épicos. Musicalmente o destaque tem que ir para «Another Brick In The Wall» um hino que não vamos ouvir muitas mais vezes cantado na voz de Roger Waters, que por cá contou com a ajuda de um coro de 15 miúdos da associação cultural da Cova da Moura. Deliciados, espantaram o gigante professor insuflado.
Surpreendente a versão de «Mother» em que Roger Waters cantou em dueto consigo! Recuperou a sua interpretação de um concerto em Londres dos anos 80 que foi projectada em imagem e voz enquanto juntou a sua voz ao vivo resultando num belo momento.
Também «Goodbye Blue Sky» esteve à altura da grandeza como a maior parte dos temas tocados, diga-se. A excepção ficou para um solo absolutamente assassino que pintou o muro de azeite puro estragando o clássico «Comfortably Numb». A imagem do guitarrista no topo do muro todo erguido a abanar a cabeleira enquanto solava é coisa para alimentar pesadelos durante algumas semanas.
O musical segue a lógica de construção do muro durante a primeira parte que acaba com o clássico «Goodbye Cruel World» com Waters a espreitar antes de ser colocado o último tijolo no muro. O sistema de iluminação e projecção de imagens faz as delícias dos nossos olhos durante a segunda parte onde chega a dar a ilusão que os tijolos estão a cair várias vezes. É inesquecível a projecção de algumas partes do filme que dá nome ao espectáculo naquela tela gigante, chega mesmo a dar a ideia que estamos perante um ecrã cinematográfico.
Em 2011, The Wall continua a fazer sentido. Atira-se ao consumismo expondo mesmo algumas marcas de automóveis ou gasolineiras, lembra que a Big Mother passou a Big Brother e está de olho em nós, e não esquece a geração iPod mostrando palavras derivadas como iKill, iLose, iProfit.
É um excelente trabalho de actualização e uma produção majestosa que marca o regresso de Roger Waters aos palcos. Uma das bandas sonoras das nossas vidas ao vivo e a cores para que possamos dizer que 30 anos depois vimos o avião sobre as nossas cabeças a aterrar contra o muro acabando em chamas. Marcante hoje tal como tinha sido quando nasceu o muro de Waters. Pena é que se passe uma vida e não consigamos ver por cá os Pink Floyd, ou o que resta deles, em versão conjunta. Já tivemos a banda sem Roger Waters, temos Waters sem a banda e até grupos de tributo que enchem salas... Talvez ainda aconteça, sabe-se lá o que está por detrás do muro.
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