O MEL DO ROCK

O MEL DO ROCK

Pesquisar este blog

sábado, 4 de dezembro de 2010

GLENN HUGHES

Glenn Hughes ( Cannock, Inglaterra, 21 de agosto de 1951) é um músico inglês conhecido pelos seus trabalhos em bandas como Trapeze, Deep Purple e Black Sabbath . Atualmente é vocalista e baixista da banda Black Country Communion.

BIOGRAFIA


Deixou a escola aos 15 anos para tocar guitarra em uma banda local antes de mudar para o baixo e começar a cantar. Ele é conhecido pelo seu trabalho em grupos como Trapeze e Deep Purple na primeira metade dos anos 70, ganhando o apelido de “The Voice Of Rock”. Hughes também trabalhou com Yngwie J. Malmsteen e Joe Lynn Turner no Rainbow. O Baixista/Vocalista do Trapeze, Glenn Hughes, deixa a banda em 1973 quando recebe um convite de Jon Lord e Ian Paice para substituir Roger Glover no baixo que havia deixado a banda ao lado do vocalista Ian Gillan. Hughes, que já tinha recusado o convite do Electric Light Orchestra, aceitou o convite do Purple deixando o Trapeze.

Em 1976 Glenn Hughes deixa o Deep Purple, vai morar em Los Angeles, e lança o primeiro disco solo, Play Me Out. Com o sucesso e reconhecimento, passou a trabalhar com diversos artistas e a desenvolver parcerias em composições, como em Hughes/Thrall (1982) que não teve o sucesso comercial esperado, e em 1985 canta como convidado no Run for Cover, de Gary Moore. Já trabalhou também com Phenomena e Black Sabbath. Nos anos 90, Glenn obteve um grande sucesso participando da música "América: What Time Is Love?". Voltou a lançar vários discos solo. Em seus mais recentes discos solos, Glenn está cantando melhor que nunca! Pra quem ainda não ouviu o "Songs in the key of rock", os dois cds do “HTP-Project”(ao lado de Joe Lynn Turner) e o novíssimo “Voodoo Hill” (com o incrível Dario Mollo nas guitarras). Hughes também já trabalhou com Tony Iommi (Black Sabbath) como vocalista. Recentemente, abriu sua gravadora, a Pink Cloud Records.

DISCOGRAFIA


Trapeze


Trapeze (1970)
Medusa (1970)
You Are the Music...We're Just the Band (1972)
Hot Wire (1974)
Live In Texas - Dead Armadillos (1981)
Welcome to the Real World - live 1992 (1993)
High Flyers: The Best of Trapeze - best of 1970-1976 (1996)
On the Highwire - best of 1970-1994 (2003)
Deep Purple

Burn (1974)
Live in London (1974)
Stormbringer (1974)
Made in Europe (1975)
Come Taste the Band (1975)
Last Concert in Japan (1976)
Singles A's & B's (1993)
On The Wings of a Russian Foxbat: Live In California 1976 (1995)
California Jamming: Live 1974 (1996)
Mk. III: The Final Concerts (1996)
Days May Come and Days May Go, The California Rehearsals, June 1975 (2000)
1420 Beachwood Drive, The California Rehearsals, Part 2 (2000)
This Time Around: Live in Tokyo (2001)
Listen Learn Read On (2002)
Just Might Take Your Life (2003)
Perks And Tit (2004)
Live In Paris 1975 (2004)
Burn 30th Anniversary Edition (2004)
Live In California 74 (DVD) (2005)
Stormbringer (remastered) (2007)

Black Sabbath

Seventh Star (1986)

Iommi/Hughes

Dep Sessions (1996) - Lançado não-oficialmente como 'Eight Star' anos antes, foi oficialmente remixado como 'Dep Sessions' e lançado em 2003.
Fused (2005)

CARREIRA SOLO


Play Me Out (1977)
L.A. Blues Authority Volume II: Glenn Hughes - Blues (1992)
From Now On... (1994)
Burning Japan Live (1994)
Feel (1995)
Addiction (1996)
Greatest Hits: The Voice Of Rock (1996) (compilation)
Talk About It (EP) (1997) (previously-unreleased live and acoustic tracks)
The God Of Voice: Best Of Glenn Hughes (1998) (compilation)
The Way It Is (1999)
From The Archives Volume I - Incense & Peaches (2000)
Return Of Crystal Karma (2000)
A Soulful Christmas (2000)
Days Of Avalon (2001) (first official solo video release)
Building The Machine (2001)
Different Stages...Best Of Glenn Hughes (2002)
Songs In The Key Of Rock (2003)
Soulfully Live In The City Of Angels (DVD and CD) (2004)
Soul Mover (2005)
Freak Flag Flyin' (2005)
Music For The Divine (2006)
Live At The Basement (DVD and CD) (2007)
F.U.N.K. - First Underground Nuclear Kitchen (2008)

RONNIE JAMES DIO: WENDY FALA SOBRE BIOGRAFIA DO VOCALISTA

Traduzido por Nacho Belgrande
Fonte: Site Contact Music

A viúva do falecido vocalista RONNIE JAMES Dio está mantendo seu legado musical vivo – ela está planejando lançar a biografia dele em 2012.

O cantor/compositor de Heavy Metal perdeu sua batalha contra o câncer estomacal no dia 10 de maio passado aos 67 anos e agora, seis meses depois, Wendy Dio confirma que revelará tudo sobre a ascensão de seu finado marido a fama e seus períodos com as bandas Dio, Black Sabbath, Heaven & Hell e Elf em uma nova perspectiva.

Ela diz ao site da revista inglesa MetalHammer.co.uk, “O livro já tem três quartos prontos. Eu vou terminá-lo. Eu já tenho um contrato. Eu tenho que terminá-lo por volta de junho, e ele sairá no começo de 2012.”

DIO: "ELES DEVERIAM CONTINUAR COM OUTRO NOME", DIZ WENDY

Traduzido por Adelemberg Thiago
Fonte: Metal Storm


Wendy Dio, esposa/empresária do recém falecido vocalista Ronnie James Dio, falou a VH1 Radio que ela encoraja os membros remanescentes do HEAVEN & HELL – Tonny Iommi, Geezer Butler e Vinny Appice – a trabalharem juntos de novo sob um diferente nome.

“Não sei o que eles estão fazendo no momento”, ela diz. “Eu sei que o Geezer foi procurado várias vezes, e ele está apenas... ele levou muito a sério. Eu realmente não sei o quê eles estão fazendo no momento. Eles deveriam fazer mais alguma coisa, com Vinny também. Digo, a banda era impressionante, uma impressionante banda, e eles deveriam continuar a fazer algo. Ela não será chamada de HEAVEN & HELL, mas do que eles a chamarem será ótimo, será incrível.”

No dia 24 de julho, Iommi, Butler e Appice se apresentaram juntos no “High Voltage Festival”, realizado no Victoria Park em Londres como um tributo a seu falecido colega de banda, Ronnie James Dio. Naquela época eles se reuniram com o lendário vocalista ex-DEEP PURPLE/BLACK SABBATH Glenn Hughes e com o vocalista do MASTERPLAN Jorn Lande – que recentemente lançou seu próprio tributo a Dio.

VINNY APPICE: "DIO, UM IRMÃO, LÍDER E MEU MELHOR AMIGO"

Traduzido por Nathália Plá
Fonte: Brave Words & Bloody Knuckles

O baterista Vinny Appice (HEAVEN & HELL) é destaque em uma nova entrevista para o site Sea Of Tranquility discutindo o novo DVD ao vivo do HEAVEN & HELL, "Neon Nights", lançado em tributo ao grande RONNIE JAMES Dio. Segue abaixo um trecho.

Se há um tributo à altura de Ronnie, o "Neon Nights" parece sê-lo. Vendo-o como a última performance filmada do Ronnie, não só estava a banda pegando fogo naquela noite, mas a platéia era enorme e os elementos de produção do show, tanto o áudio quanto o vídeo, são soberbos. Como foi aquela noite para você, e como é a sensação de ver essa apresentação em Wacken agora e saber que foi a última vez que o Ronnie apareceu ao vivo no palco em frente às câmeras?

Vinny: "Bem, foi um festival tão grandioso, com tantas pessoas, que você podia sentir a energia de todos os fãs no palco. Olhando pra trás eu fico feliz por ter sido a última performance em vídeo do RJD e ter sido em uma noite sem qualquer problemas técnico, além da banda estar pegando fogo. Achei que foi uma das melhores noites do Ronnie. Ele cantou tão bem e curtiu tanto aquela noite!"

O falecimento do Ronnie foi duro para toda a comunidade do hard rock e do metal, provavelmente mais do que qualquer outro artista na memória recente. Ele parecia ser um daquelas figuras que nunca envelhecem, adorado pelos fãs, amigos e familiares e o embaixador do 'heavy metal' que viveria eternamente, que eu acho que foi o que tornou a morte dele tão difícil para todos nós. Você era muito próximo do Ronnie por tantos anos – você pode nos dar algumas palavras sobre sua relação com ele, e como você está lidando com a perda de seu amigo e colega de banda?

Vinny: "Eu conheci o Ron quando estava com 23 anos. Ele se tornou meu colega de banda mas ainda mais importante, um irmão, líder e meu melhor amigo. Nós tínhamos tanta coisa em comum, principalmente a vontade de tocar todas as noites e detonar um ao outro no palco. Eu realmente sinto falta de estar perto dele; A sensação é a de que começaremos a ensaiar em breve e que ele vai estar lá."

Antes do anúncio da doença de Ronnie, a banda tinha planejado outra turnê mundial. Além disso, havia composições ocorrendo para um possível álbum em sequência ao "The Devil You Know"?

Vinny: "Não, não havia nada, mas o Ronnie tinha algumas músicas que ele fez no estúdio dele. O Tony e o Geezer talvez estivessem trabalhando em algumas idéias e riffs também. Mas nenhuma sessão de composição oficial da banda aconteceu."

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

IRON MAIDEN: PARA DEREK RIGGS, EDDIE É O MICKEY DO ROCK

Traduzido por Gabriel Gonçalves
Fonte: Site Metal Assault


O lendário ilustrador Derek Riggs, responsável pelas capas do IRON MAIDEN até o álbum “No Praying for The Dying”, concedeu uma grande entrevista ao site Metal Assault. Dentre vários assuntos, a conversa, logicamente, chegou no Maiden, e Riggs soltou: “Eddie é o Mickey Mouse do Rock n’ Roll”.

O quanto os cartoons da Hanna Barbera, como Pernalonga, Zé Colmeia, etc, te inspiraram?

Adoro o Pernalonga e aquele cara pequeno com a espingarda e chapéu grande, gosto da Betty Boop e gosto dos primeiros cartoons em preto e branco. E qualquer coisa que seja meio louco e engraçado. Eddie é engraçado! Algumas pessoas não entendem isto, ou não querem entender, mas Eddie é muito engraçado; ele não é tão sério. Há muita coisa boba nele, assim como o aspecto de terror. A não ser que outra pessoa pinte as idéias que o Maiden tem, então tudo fica num clima aterrorizante. Pegue uma imagem do Eddie sorrindo; você pode sobrepor com uma imagem do Mickey Mouse sorrindo. Eddie foi modelado em cima do Mickey Mouse; ele é o Mickey Mouse do Rock n’ Roll. Interessantemente, a Disney agora é dona do Rock n’ Rol… Tudo que vai volta, eu acho…

Uma das coisas que todos gostavam em Eddie era que havia uma mudança continua acontecendo, e ele tinham partes remanescentes de formas passadas. O Eddie do “Seventh Son…” tinha a cicatriz da lobotomia, o olho robótico artificial… O que você buscava com a capa do “No Prayer For The Dying”? O Iron Maiden decidiu não continuar a saga, por assim dizer?

Sim, um dia eles apareceram com a “grande idéia” de voltar para o começo novamente, o que embaralhou tudo lindamente, e eu perdi o interesse.

Até onde sei, a maioria das pinturas do Iron Maiden está com Steve Harris e algumas foram roubadas ou “perdidas” nas gráficas. Você tem alguma pintura relativa ao Iron Maiden com você?

Não tenho nenhuma, nem os desenhos básicos. E não, não as enterrei num armário em nenhum lugar. Eu já me mudei de casa cinco vezes desde que parei de fazer as capas do Maiden. Em três destas cinco vezes, eu joguei tudo que tinha fora e apenas saí com uma mala de roupas – como quando me mudei para os Estados Unidos, cheguei no país com apenas uma mala de roupas e com os discos rígidos contendo meus trabalhos, que eu já havia enviado antes de mim para a casa de um amigo.

ADRIAN SMITH: “STEVE JÁ NÃO ESCREVE TANTO, ENTÃO É BASICAMENTE EU, JANICK E DAVE TRAZENDO AS MÚSICAS”

Fonte: Guitar Edge

A revista “Guitar Edge” trouxe uma extensa entrevista com os três guitarrista do Iron Maiden em sua última edição, na qual falam sobre turnê, novo álbum, influências e muito mais.

Confira a entrevista na íntegra, em português, com exclusividade no Imprensa Rocker!

Enquanto o Iron Maiden conclui a perna norte-americana da atual turnê, a série de shows pode ser considerada um sucesso, com quase todo show vendendo todos os ingressos em tempo recorde. Mas independente das incríveis vendas, houve um pouco de frustração entre os fãs antigos do Maiden. As críticas envolveram o set lista da turnê, que consistiu de novo material ao invés dos verdadeiros e testados clássicos da banda. De fato, no show que a “Guitar Edge” foi, o repertório foi o assunto mais comentado pelo público – mais até do que as cervejas de 13 dólares. Mas não deixe isto de enganar ou fazê-lo acreditar que o título do novo álbum significa a aposentadoria do Maiden, como implicam os boatos. O Iron Maiden ainda se fortalece e maravilhosamente continua a cimentar seu lugar nos livros de história do Heavy Metal, mesmo após 35 ilustres anos como uma das maiores bandas de Metal do mundo. “The Final Frontier”, o 15º álbum de estúdio do Maiden estreou em quarto lugar nas paradas da Billboard nos Estados Unidos, se tornando o mais bem sucedido disco da banda até hoje nas paradas – sem mencionar que é o mais longo, totalizando 76 minutos e 34 segundos. Até esta matéria ficar pronta, o álbum também estreou em primeiro lugar nas paradas de mais de 20 países, inclusive em terras distantes, como Suíça, Japão e Brasil.

Nós nos encontramos com os guitarristas do Maiden para conversar sobre composições e tons um pouco antes deles saírem para necessárias férias – um curto fôlego antes de continuar a turnê no início de 2011.

Como foi a turnê?
Dave Murray: A presença dos fãs foi absolutamente incrível. Nós amamos tocar e colaborar uns com os outros, e quando entramos no palco e o público está enlouquecido, bem… Há muitas coisas piores que poderíamos estar fazendo (risos). Em poucos shows nós ajustamos tudo e e colocamos tudo no lugar. Antes da turnê começar, nós ensaiamos todo dia, mas quando você entra no palco, você tem todas estas distrações com as quais tem de se acostumar. Temos um novo Eddie para cada álbum e o de agora parece bem perverso, bem assustador, como um cruzamento de um alien com um predador.

Janick Gers: O público tem gostado bastante e estamos tocando material mais recente. Tocamos apenas uma canção do novo álbum, que é “El Dorado”, que foi a que disponibilizamos gratuitamente em nosso site antes do álbum sair, mas não tocamos outras músicas do novo disco, porque começamos a turnê antes dele sair. Nos anos 80 você poderia até fazer isso, mas agora você tem o “Youtube” e as músicas estariam disponíveis por aí. O timing entre esta turnê e o lançamento deste álbum foi meio dessincronizado. Quando continuarmos a turnê, no começo do próximo ano, esperamos tocar muitas das canções do novo álbum.

Nos conte sobre as composições do “The Final Frontier”.
Adrian Smith:
Steve (Harris) já não escreve tanto, então é basicamente eu, Janick e Dave trazendo as músicas. Foram todas canções recém compostas. Steve está mais interessado nas letras e nas melodias, assim como Bruce (Dickinson), e Steve coproduziu o álbum. Então todos contribuíram.

Murray: Nós trazíamos canções completas e Steve escrevia as letras. Em uma canção, “When The Wild Wind Blows”, Steve escreveu tanto a música quanto a letra. Passamos algumas semanas na França ensaiando, tiramos um mês de folga e quando chegou a hora de irmos para o estúdio, já tínhamos 70% do material pronto para gravar.

Smith: Gravamos o álbum nos estúdios “Compass Point” – onde muitos dos álbuns históricos do Maiden foram feitos – nas Bahamas. Steve vive em Nassau agora e Kevin Shirley (o produtor do álbum) havia acabado de finalizar um álbum no “Compass Point” e gostou, então achamos que seria divertido voltar para lá. É uma boa sala. Tecnicamente, não é o melhor estúdio, mas a sala soa muito bem.

Gers: E antes da turnê, trabalhamos em tocar estas canções de 10 minutos ao vivo, do início ao fim, e não pedaço por pedaço.

Há muitos grandes e inesperados momentos no “The Final Frontier”, como os acordes fusion no vocal de entrada de “Sattelite 15”… The Final Frontier”.
Murray: Aquilo foi tirado da demo de Adrian e foi ele quem tocou aqueles acordes interessantes.

Smith: Também em “Isle of Avalon”. Eu suponho que quando você toca sobre uma progressão de acordes como aquela, a canção acaba indo para um lado meio fusion.

Sim, o solo de “The Isle of Avalon” começa com um formato de som de Jazz. Vocês podem explicar?
Smith: A idéia era fazer as coisas de uma forma um pouco diferente, um pouco mais livre. Eu não sei quais escalas usei, porque eu nu Ca estudei música e não sei ler música. Eu toco de ouvido, como a maioria dos músicos de Rock, e só conheço o que escuto.

Gers: Foi um compasso 7/8 e haviam muitas coisas diferentes em contratempo com a bateria, e apenas usamos o que queríamos usar. Mas eu toco o que acho que encaixa. Eu não apareceria com algo completamente estranho, se não achasse que encaixaria.

Nos conte como vocês fazem para gravar os solos.
Smith: Geralmente demora uma ou duas horas para termos um bom solo – para ter um bom som, fazer alguns takes, algumas revisadas e editar. Normalmente usamos o primeiro take, porque tem espontaneidade e energia, e então consertamos algumas coisinhas.

Murray: Para os solos, você vai lá e apenas detona. Kevin então diz, “faça outro”, e você acaba fazendo três ou quatro vezes e vai a todo tipo de lugar. Então Kevin edita para que faça sentido.

Gers: Tentamos fazer com que o solo se encaixe na música, e faça que a canção fique melhor. Há uma balança a se levar e conta – você quer deixar uma canção ótima e quer fazer um solo que melhore esta canção, mas não há necessidade de sair feito louco cada vez que você tem 10 segundos. Já passei desta fase, eu sei que posso fazer, mas esta não é a questão. Quero dizer, posso tocar tão rápido quanto quiser, mas isto não irá melhorar a música. Eu toco menos muitas vezes.

Com três guitarristas podemos ter uma megalomania de guitarras na qual todos enlouqueceríamos, mas isto não ajudaria a banda. Alguém com um grande ego não funcionaria nesta banda. Todos nós soamos tão diferentes, temos estilos diferentes, e abordamos a guitarra diferentemente, e isto parece se combinar para criar algo bem poderoso.

Qualquer um de nós poderia ser o guitarrista principal em outra banda, mas é um lance parecido com Keith Richards e Ronnie Wood. Ronnie é um tremendo guitarrista, mas você não enxerga isso realmente. Ele se une com Keith e juntos são melhores do que os dois individualmente. É meio como nós fazemos. Um de nós fica por trás para que o outro venha para a frente, ou tocamos menos numa sessão para que quando nos juntarmos, saia um cruzamento do som com um tocando u final alto, o outro tocando um final grave e o outro fazendo a base. Eu vejo isto como um grande quadro.

Quem são as influências de guitarra de vocês?
Smith: Originalmente eu era vocalista, então comecei a tocar guitarra e me tornei um guitarrista/vocalista, então talvez meu estilo seja mais rítmico, por causa do meu vocal. Sempre toquei em guitarras com dois guitarristas, e costumávamos tocar coisas de bandas como Wishbone Ash e Thin Lizzy. Todos nós crescemos escutando o mesmo tipo de música. Quando eu era garoto, eram os Beatles – eles deixaram uma grande impressão – Free e artistas de Blues/Rock, como Johnny Winter, Pat Travers, Gary Moore e Deep Purple.

Gers: Sim, cresci escutando o Deep Purple. Amo a voz de Ian Gillan, ainda me arrepia. Jeff Beck provavelmente é meu preferido. E tem Rory Gallagher, Django Reinhardt, David Gilmour, Paul Kossoff, Jimmy Page – mais pela forma de tocar as bases, que é incrível – e Tommy Bolin. Bolin não era um grande leitor de música, mas ele tocava com Billy Cobham. Ele não tem idéia do que está tocando, mas está sentindo. B.B. King, Eric Clapton… Estes caras nunca foram para a escola. Eles apenas sentiam.

Para mim, música é tocar o que você sente. Vem daqui (Gers aponta para o coração) e não daqui (ele aponta para a cabeça). Acho impossível tocar a mesma coisa duas vezes, porque me sinto diferente cada vez – e se você toca como se sente, como pode tocar a mesma coisa duas vezes? Não vim da “Berklee School” onde você trabalha em uma batida na sala de aula por seis dias. Não tenho problemas com isto, mas não é o que procuro.

A banda é conhecida pelas partes em harmonia, mas o que acontece nos casos das oitavas, como em “El Dorado”? Vocês separam as oitavas em múltiplas guitarras ou cada um toca todas as oitavas?
Murray: Adrian toca a base em “El Dorado” e Janick e eu tocamos juntos as oitavas. Nós não separamos as partes em altas e baixas oitavas, mas não há uma fórmula ou padrão estrito. Apenas vamos lá e fazemos e deixamos fluir. Portanto, quando precisamos aprender as músicas para uma turnê, realmente precisamos reaprender muita coisa que fizemos no estúdio.

Gers: Frequentemente faço overdubs de oitavas, porque isto evidencia a melodia, mas eles podem estar em qualquer lugar. Posso colocá-las e mais tarde removê-las. O que importa são as freqüências fazer a guitarra soar maior – as guitarras soam comprimidas e finas como abelhas num jarro.

Qual o segredo para fazer funcionar um banda com três guitarristas?
Gers: Para mim, o que importa para as bandas é a química. Não importa os músicos individualmente. Muitas bandas tem isto de uma forma destrutiva e isto acaba tendo um efeito negativo; destrói a banda. O The Who criou um efeito positivo através da negatividade; eles tinha grandes argumentos. O mesmo com o Deep Purple.

Você pega os melhores músicos do mundo e ainda assim poderá ter uma banda de merda se não houver química. Ou você pode pegar John Lennon, Ringo Starr, Paul McCartney e George Harrison, que não eram músicos brilhantes, juntá-los e ter a melhor banda do mundo. Isto é o que faz as bandas acontecerem, e se você tem isto, você tem muita sorte.

BRUCE DICKINSON: “PREFIRO ERRAR UMA MÚSICA DO QUE USAR MONITORES PARA LER AS LETRAS”.

Fonte: Rock Radio

O website “Rock Radio” produziu uma matéria que conta com depoimentos exclusivos de Bruce Dickinson, que fala, dentre outros assuntos, que não gosta de usar monitores com as letras das músicas.

Confira a matéria completa, em português, no Imprensa Rocker!

O vocalista do Iron Maiden, Bruce Dickinson, prefere errar uma música do que usar monitores com as letras – por causa do orgulho próprio e pelo bem da performance. Ele diz que é impossível cantar uma música com a interpretação necessária se você está lendo as letras, ao invés de imaginar a estória. E o fato de ainda ser perguntado se ele esquece as letras significa que sua abordagem funciona.

Em declaração à revista do fã clube do Iron Maiden, Dickinson falou: “Eu lido com isto muito bem – se eu esquecer as letras de uma forma espetacular, estará tudo no ‘Youtube’”. “Geralmente me dá um branco por causa de alguma distração. Se acontece algum problema no equipamento, então eu fico, ‘merda, qual é o primeiro verso da segunda estrofe?’, o que, é claro, coloca uma certa pressão que só piora as coisas”.

“Mas eu acho que os monitores com letras são um saco. Eu sei que temos muitas palavras nas nossas canções, mas é uma questão de orgulho pessoal e profissional. Também, eu não consigo interpretar uma canção se estiver lendo as letras numa tela de TV. Tem que estar em minha cabeça, para eu poder ver as imagens em minha frente, e para que eu possa ter uma performance condizente com a música”.

Dickinson insiste que conhece sua voz o suficientemente bem para saber o que pode aguentar durante um show, e que estão errados todos que acham que sua performance no estúdio é pior.

“Nenhuma das canções são um problema para cantar. Apenas depende de onde elas estão no repertório. Então, ‘Hallowed Be Thy Name’ é difícil, porque está bem no final do repertório, quando eu já estou desgastado. O refrão de ‘El Dorado’ é um pouco desafiador, mas como é a quarta canção da noite, eu canto ela tranqüilo – minha voz está aquecida e ainda há muito combustível no tanque para alcançar as notas altas”.

“Eu acho que algumas pessoas têm se surpreendido com o quão boas as músicas soam ao vivo. Às vezes as pessoas pensam que minha voz soa esganiçada em certas partes do álbum, mas isto é besteira. As mesmas pessoas dizem que soa ótimo ao vivo”.

Recentemente Dickinson assumiu um novo cargo, como Chefe de Marketing da “Astreus Airlines”, a companhia em que trabalha como piloto comercial. Eles está trabalhando num filme e numa peça teatral, ambas baseadas na 2ª Guerra Mundial, e espera voltar à carreira de radialista, que foi interrompida quando a BBC 6 cancelou seu programa.

“Há algumas possibilidades; talvez algumas coisas em estilo documentário, o que é ótimo, porque me dá a chance de ser criativo e contar histórias ao invés de ser apenas um DJ”.

MICHAEL KENNEY: O TECLADISTA POR TRÁS DO IRON MAIDEN

Fonte: Keyboard Magazine

A revista “Keyboard” conduziu um interessante entrevista com Michael Kenney, o homem responsável pelos baixos de Steve Harris e, ao vivo, pelos teclados do Iron Maiden – além de ter participações em álbuns também. Na entrevista, Kenney fala sobre influências, Maiden e muito mais.

Confira a entrevista abaixo, na íntegra e em português!

Se você não conhece o nome Michael Kenney, você não está só. Entretanto, se você já viu a lendária banda de Heavy Metal, Iron Maiden, em qualquer show desde o início dos anos 80, você provavelmente já escutou e até viu Kenney, às vezes conhecido como “O Conde”. Ele tem sido o responsável pelos teclados nos álbuns multiplatinados da banda e freqüentemente toca nas turnês mundiais.

A revista “Keyboard” se encontrou com Kenney em São Bernardino, Califórnia, onde eles prestes a encarar uma rebelde platéia Metal. Ele nos contou o que “heavy” costumava significar e o porquê de, definitivamente, tudo se resume a fazer o trabalho, e fazer bem feito.

Como foram suas experiências enquanto estava crescendo?
Comecei tocando trompete aos sete anos, tentando chegar na Califórnia Junior Honor Band, e brincava com o ukulele de meu tio. Ganhei uma guitarra no meu 11º aniversário e no ano seguinte estava numa banda. Aos 13 anos, mudei para o baixo para tocar com o incrível cantor e organista Freddie O’Quinn. Ele tinha um Farfisa (Nota do Tradutor: empresa italiana de eletrônicos, normalmente associada a compactos órgãos eletrônicos e sintetizadores multi-timbres), então aprendi o básico. Então ele comprou um Hammond B-3 com duas caixas Leslie. Eu fui fisgado! A loja de instrumentos musicais local me emprestou, então, o novíssimo Minimoog por uma noite e eu fiquei acordado a noite toda lendo o manual do início ao fim. Para resumir, este foi o meu começo.

Quais bandas te inspiraram a tocar teclado e a curtir Rock?
Freddie costumava deixar a velha radiola ligada com o “lado a” do “Organ Grinder Swing”, de Jimmy Smith, tocando a noite toda. Maravilhoso! Mark Stein com o Vanilla Fudge, Bill Champlin, Stephen Miller no Lynn County, e Lee Michaels tocando seu Hammond com um Leslie ligado em nove amplificadores Acoustic 360. Era um trovão! Eu tive muita sorte em tocar num show local em Sacramento, onde todas as bandas de São Francisco e todos os caras do Fillmore tocaram. Eu pude ver os melhores do começo, e é claro, pude conhecê-los. Steve Winwood foi uma grande inspiração com aquele Hammond em “Gimme Some Lovin’” e nas outras. Ele foi a primeira pessoa que vi tocando tudo sozinho. Eu me considero um homem de utilidades. Com relação a sintetizadores e apenas bons tecladistas, Jan Hammer e David Sancious são importantes para mim.

Quais discos de Rock te influenciou? Qual foi o primeiro disco de uma banda pesada?
Considero Paul Revere and The Raiders a primeira banda pesada que tocava Rock baseado em riffs. Eu acho que é criminoso o “The Kingsmen” receber o crédito por “Louie Louie”, porque pelo que eu saiba é uma música dos Raiders, com a versão do Kingsmen sendo uma imitação sem graça. Foi a primeira música que peguei na guitarra. Claro, quando os Beatles apareceram, o jogo mudou, embora eu tenho passado rapidamente para o que eu achava ser as bandas mais pesadas. Eu era um grande fã dos Stones, particularmente Brian Jones, que para mim é o conceito original de multi-instrumentista, aparentemente tocando qualquer coisa que caísse em suas mãos, e com um senso de visual muito legal. Ele foi meu herói por um tempo. Não posso deixar de mencionar os Animals, Hollies, Kinks… Tanta coisa boa. Então eu escutei Jeff Beck com os Yardbirds e minha vida mudou. Eu escutei a todas as bandas dos anos 60 e 70 que tinham um Hammond: Vanilla Fudge, Deep Purple, Procol Harum (não só “Whiter Shade of Pale”, mas outros materiais mais dramáticos), The Rascals, Small Faces… Me interessava particularmente por guitarristas que tocavam órgão, como Stephen Stills, Joe Walsh e Mark Fenner. O primeiro álbum de Jan Hammer e Jerry Goodman, “Like Children”, foi uma revelação para mim. Eu tinha que ter um minimoog após ouví-lo. Eu o tocava com um instrumento de baixo numa banda que participei. Os dois primeiros álbuns de David Sancious – “Forest of Feelings” e “Transformation” – e sua participação no “Garden of lovelight”, de Narada Michael Walden, é impressionante!

Quais teclados você tinha enquanto estava crescendo? Qual o primeiro teclado que você comprou?
Nós tínhamos um velho piano vertical na sala quando eu era adolescente. Uma tia me deu um órgão Lowrey com uma pequena caixa Leslie e eu tive minha primeira e única banda orientada para o teclado, compondo minhas canções. O Minimoog foi meu primeiro sintetizador, então comprei meu primeiro Hammond, um modelo A 1936. Ainda o tenho. É uma ótima máquina. Então fui passando para os sintetizadores Korg ao longo dos anos, do Polysix pra frente. Ainda os uso. Tenho seis Hammond agora. Nem todos são Hammond B3. Finalmente comprei um B3 apropriado, para poder dizer, “sim, eu tenho um B3!”, junto com um A, um BC, um CV, um D e um X77.

Qual sua histórico de gravações com o Iron Maiden?
Como músico, o Maiden foi minha primeira e única situação de gravar com uma banda grande. Steve Harris sabe bem o que quer, então era apenas meu trabalho tocar. Toquei em alguns álbuns – “No Prayer for The Dying”, “Fear of The Dark”, “X Factor”, e alguma coisa no “Virtual XI. Ao longo do tempo, Steve foi ficando mais confortável com as teclas e passou a tocar na maioria das vezes. Eu ainda fico por perto para ajudar e sou o responsável por tudo ao vivo.

Você também é o técnico de baixo de Steve Harris.
Este é meu trabalho principal. No “Somewhere in Time” eles passaram a usar guitarras e baixos sintetizados, e eu ajudei na programação. No “Seventh Son…” eles usaram teclados sintetizados e alguns brinquedos de estúdio, e precisaram que alguém os tocasse ao vivo. Como eu tinha experiência com teclados e o equipamento de Steve precisa de pouquíssima manutenção durante os shows, ele me convidou a fazer, mas só se fosse como “O Conde” (Nota do Tradutor: Tradução para “The Count”), meu apelido na época, por causa de minha vida noturna, sobretudo preto e meus cálices de conhaque. Após aquela turnê, na qual eu tocava fantasiado num elevadiço a 20 pés de altura, deixei os trajes do Conde e passei a tocar atrás do palco. Nas canções dos álbuns mais recentes, pode haver muito teclado; quando fazemos material antigo, não há muito o que fazer. O equipamento de baixo, na verdade, tem prioridade sobre os teclados: se algo está errado, eu tomo conta, mesmo que isto signifique não tocar o teclado. O equipamento é bem fácil de lidar. Eu deixo peças sobressalentes já prontas, então qualquer mudança pode ser feita rapidamente e eu não tenho que perder muitas partes no teclado.

O Iron Maiden teve algum tecladista ou tecladistas em seus discos antes de você?
Não nos discos. Eles tiveram um ao vivo por um tempo no início da banda, Tony Moore. Algumas das coisas mais elaboradas nos recentes álbuns têm sido terceirizadas para um amigo do produtor Kevin Shirley, chamado Jeff Bova, que faz um trabalho incrível em criar as visões das orquestras de Steve. É um trabalho interessante traduzir isto para algo que eu possa tocar ao vivo, em tempo real, com duas mãos.

Como você aborda a adição de teclados em canções que não tinham o instrumento no disco? A banda te dá instruções específicas ou você basicamente toca o que quer?
Só adiciono teclados em canções que originalmente não têm, quando me pedem. Bruce quis um tratamento de coral para simular algo que ele fez no estúdio em “Powerslave”. Steve vem com uma idéia de vez em quando, e muitas das partes de sintetizadores são para reforçar as guitarras sintetizadas que Adrian usou. Na verdade, estas são as mais divertidas para mim, porque às vezes ele toca a parte para mim e eu crio o que acha que funciona melhor. Estou tendo mais liberdade com relação a trabalhar no material novo para fazer ao vivo.

Como você escolhe os teclados na sua configuração atual de palco? Como eles têm se saído e como você os modificou ou modifico seus sons?
Sempre fui um cara da Korg. Uso o material deles há muito tempo, antes porque eles eram muito mais acessíveis do que as “grandes marcas”, mas agora eu apenas acho que eles soam ótimo e estou confortável com a forma como eles que fazem as coisas. O O1w se estabeleceu como meu sintetizador principal. Há certos sons nele que nós consideramos ser marcas registradas do Maiden. Steve chama estes sons por nome. Não acho que eu esteja fazendo nada de especial com eles, apenas ajustando para que sejam apropriados para o que precisamos. Eu tenho um encaixe de Hammond no O1 no qual me deixa particularmente orgulhoso, mas só tive a oportunidade de usá-lo uma vez, em “Afraid To Shoot Strangers”, do álbum “Fear of The Dark”. Ao longo do tempo, nós o trocamos por novos modelos. Também uso um Triton Extreme. Os sintetizadores mais novos têm maior taxa de bits e mais fidelidade, o que é ótimo para sutís orquestrações, mas eu ainda gosto da gordura do material “old school”.

Quais conselhos você daria para os leitores – tanto musicalmente quanto para a carreira – que desejam desenvolver seus talentos e se tornarem tecladistas bem sucedidos?
Há tanta informação, e o nível é muito alto. Quer dizer, há garotos por aí que estão a anos luz de qualquer coisa que eu sequer tenha concebido ser possível. Mas não há como substituir o trabalho árduo para atingir um grande conhecimento. Não há shows em seu quarto e a maioria das pessoas não se importam com o quão rápido você toca. Música para mim é sentimento e como você pode fazer os outros sentirem, e a nota certa tocada da forma certa pode falar mais lato do que uma agitação de esplendor trimodal.

Qual foi a pior coisa que já aconteceu numa turnê e como você lidou com isto?
Na época do “Seventh Son…” eu usava um set de samples de coral Emulator 3 para o meio da canção título do álbum. Numa tarde antes do show, eu o liguei e o display começou a mostrar algum tipo de hieróglifo. Fazer a manutenção de um E3 ou até substituí-lo em poucas horas, em Iowa, é improvável, então peguei o telefone e encontrei um centro de guitarras em Chicago. Eles correram para o aeroporto e enviaram o E3 rapidamente. Ele chegou durante o show e eu tive que carregar um disquete em rapidamente. Incrivelmente, foi literalmente em cima do tempo, e tudo saiu como deveria. Eu acho que provavelmente danifiquei alguns neurônios no processo. Eu aprecio o fato de que nem todo mundo está na posição de gastar tanto dinheiro para resolver um problema, e a E-mu (N.T.: empresa que desenvolve produtos de áudio) veio ao resgate bem rápido.

Na mesma época, no já anteriormente mencionado elevadiço de 20 pés de altura, que era basicamente uma empilhadeira suportando o peso máximo, eu achei que era melhor eu ficar no meio para preservar seu centro de gravidade. Numa noite estava me sentindo mais confortável e dei um passo para a direita, e a coisa toda oscilou alguns centímetros. Eu tinha teclados nos meus dois lados, e a próxima coisa que toquei foi um som bem alto, um acorde bem Jazz (N.T.: Kenney quer dizer que foi um som bem dissonante). Tive que checar minhas calças depois desta!

Além deste tipo de coisa, em algumas ocasiões, o rigor das turnês cobrará seu preço num sintetizador, mas é para isto que temos peças sobressalentes, e felizmente eu trabalho com uma grande equipe que já me ajudou a trocar um teclado durante uma canção.

Você tem algum conselho para sobreviver a turnês?
A coisa mais importante é se dar bem com as pessoas com quem você trabalha. Todos somos competentes no que fazemos ou não estaríamos aqui. O aspecto pessoal é muito importante. Eu sei que é um clichê, mas no nosso caso é como ser casado com 50 pessoas. É um estilo de vida e uma grande parte do trabalho. Eu escolhi não beber nesta última turnê, o que pode tirar um pouco da diversão, mas não estar de ressaco ajuda muito.

Como é o relacionamento pessoal e profissional entre você e a banda?
Nos damos muito bem. For a dos estúdios, não os encontro muito, exceto quando eles estão no palco. Nestas turnês com o avião, temos ficado no mesmo hotel muitas vezes, então sem dúvidas nos batemos no bar do hotel ou no pub irlandês mais próximo. Claro, eles são as estrelas, e há questões de segurança e protocolos com que lidar, mas normalmente somos apenas um grupo de caras numa jornada em comum, cada um com seu trabalho para fazer.

SIMMONS: "FALTA CORAGEM PARA PROCESSAR QUEM FAZ DOWNLOADS!"

Fonte: News Music Express

O baixista/vocalista do Kiss, Gene Simmons, continua sua cruzada contra os usuários da internet que compartilham músicas. Após participar do Mipcom, evento relacionado a conteúdos multimídia, em Cannes, França, o músico voltou a vociferar contra quem faz downloads sem pagar pelas músicas.

Simmons criticou a indústria fonográfica por não agir rapidamente para evitar o compartilhamento de arquivos e defendeu punições severas a quem fizer downloads. “Certifique-se de que sua marca está protegida. Certifique-se de que não há vazamentos. Seja litigioso. Processe todos. Tome as suas casas, seus carros. Não deixe ninguém passar do limite”, bradou.

"A indústria da música está dormindo ao volante", continou ele. "[Eles] não tiveram a coragem de processar cada pessoa, cada garoto sardento de faculdade que fazia download de material. E agora temos milhares de desempregados. Não há mais indústria [fonográfica]”, encerrou.

O áudio completo com a fala de Simmons (em inglês) pode ser visto no link abaixo.

TONNY IOMMI: "ESTOU ESCREVENDO UM MONTE DE RIFFS!"

Fonte:Blabbermouth

O guitarrista Tony Iommi (BLACK SABBATH/HEAVEN & HELL) revelou à revista britânica Metal Hammer que ele começou a trabalhar em material novo com esperança de lançar a fase seguinte de sua carreira ao lado do colega de SABBATH de longa data, o baixista Geezer Butler.

Se isto será ou não parte de uma reunião do Black Sabbath ou um projeto novo permanece obscuro presentemente, mas Iommi disse, "O que eu estou fazendo agora é escrever. Eu enlouqueci, estou escrevendo um monte de riffs novamente. Estou apreciando realmente, colocando o material em ordem. Nós faremos algo. Tenho falado muito com o Geezer agora e nós temos falado sobre o que a próxima fase será. Será demais sair outra vez e fazer alguma coisa. Eu não digo isso normalmente, mas tem algumas grandes idéias saindo. É tudo que eu tenho que fazer agora. Sentar e escrever riffs!"

No início do mês Iommi e o cantor do Deep Purple Ian Gillan entraram novamente em estúdio, reunidos pelo tecladista Jon Lord (DEEP PURPLE, WHITESNAKE) e pelo baterista Nicko McBrain (IRON MAIDEN) para gravar uma música nova, "Out Of My Mind", para levantar fundos para reconstruir uma escola de música na Armênia.

Os membros restantes do HEAVEN & HELL, Iommi, Butler e Vinny Appice, tocaram em um tributo muito especial ao seu falecido colega, Ronnie James Dio, no dia 24 de julho no festival High Voltage no parque Victoria em Londres, Inglaterra. Os músicos foram reunidos pelo lendário Glenn Hughes (DEEP PURPLE, BLACK SABBATH) e o vocalista norueguês Jorn Lande, que canta no MASTERPLAN e recentemente lançou seu próprio tributo a Ronnie.

ROCK AID ARMENIA: COM MCBRAIN, IOMMI, GILLAN E LORD

Fonte: Blog Flight 666

Nicko Mcbrain, Tony Iommi, Ian Gillan e Jon Lord se reuniram durante a semana para gravar a música "Out Of My Mind" em uma reedição do projeto beneficente "Rock Aid Armenia" que reuniu diversos músicos em 1988 para ajudar as vítimas terremoto Leninakan.

Em outubro do ano passado, Tony Iommi e Ian Gillan viajaram para a Armênia para ver como o dinheiro arrecadado havia ajudado a comunidade local. Durante a viagem, eles visitaram uma escola de música e descobriram que ela está funcionando numa acomodação temporária, e que sua sede permanente ainda não foi reconstruída, mesmo 20 anos após o terremoto.

Assim, os músicos resolveram voltar ao estúdio, desta vez, com as ilustres presenças de Jon Lord (Deep Purple / Whitesnake) e de Nicko McBrain, baterista do Iron Maiden, para gravar uma nova música e assim, arrecadar mais dinheiro para a escola de música em questão.

O guitarrista Tony Iommi comentou as gravações: "Eu tive um grandioso momento no estúdio ontem com Ian Gillan, Nicko McBrain e Jon Lord. Tivemos um momento brilhante em conjunto gravando a faixa "Out of My Mind" e foi muito divertido fazê-lo, muitas piadas e brincadeiras! Como todos esperavam, tocamos muito bem. Que momento emocionante! "

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

BLACK SABBATH: "THE OZZY YEARS: COMPLETE ALBUNS BOX SET"

Postado por Ricardo Seelig
Fonte: Collector´s Room

Mais novidades para os fãs do Black Sabbath. Chegará às lojas dia 22 de novembro o box "The Ozzy Years: Complete Albums Box Set". A caixa terá formato de cruz e trará os oito álbuns gravados por Ozzy Osbourne com o grupo – "Black Sabbath" (1970), "Paranoid" (1970), "Master of Reality" (1971), "Vol 4" (1972), "Sabbath Bloody Sabbath" (1973), "Sabotage" (1975), "Technical Ecstasy" (1976) e "Never Say Die!" (1978) – mais a coletânea "We Sold Our Soul to Rock'n'Roll", lançada originalmente em 1975.

Todos os nove discos foram remasterizados e são em formato mini LP, e a caixa contará ainda com um livro de cem páginas com a discografia comentada da banda, um conjunto de palhetas e o áudio de três entrevistas do grupo para emissoras de rádio.

Se você é fã do Black Sabbath, prepare o bolso!

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

HEAVY METAL

O heavy metal (muitas vezes referido apenas como metal)é um gênero do rock que se desenvolveu no final da década de 1960 e no início da década de 1970, em grande parte, no Reino Unido e nos Estados Unidos. Tendo como raízes o blues-rock e o rock psicodélico, as bandas que criaram o gênero desenvolveram um espesso, maciço som, caracterizada por altas distorções amplificadas, prolongados solos de guitarra e batidas enfáticas. O Allmusic afirma que "de todos os formatos do rock 'n' roll, o heavy metal é a forma mais extrema, em termos de volume, machismo, e teatralidade".

As primeiras bandas de heavy metal como UFO, Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep Purple atraíam grandes audiências, um atributo comum em toda a história do gênero. Em meados da década de 1970, o Judas Priest ajudou a impulsionar a evolução do gênero suprimindo muito da influência do blues presente na primeira geração do metal britânico; o Motörhead introduziu agressividade e fúria nos vocais, influência do punk rock, e uma crescente ênfase na velocidade. Bandas do "New Wave of British Heavy Metal" como Iron Maiden seguiram a mesma linha. Antes do final da década, o heavy metal tinha atraído uma sequência de fãs no mundo inteiro conhecido como "metalheads" ou "headbangers" e também como "metaleiros", embora dentro do universo ou subcultura do heavy metal o termo seja considerado bastante pejorativo e repudiado pela maioria dos apreciadores do gênero.

Na década de 1980, o glam metal se tornou uma grande força comercial com grupos como Mötley Crüe. O Underground produziu uma série de cenas mais extremas e estilos agressivos: o thrash metal invadiu o cenário com bandas como Anthrax, Megadeth, Metallica e Slayer, enquanto outros estilos como o death metal e o black metal permaneceram como fenômenos da subcultura do metal. Desde meados da década de 1990, populares estilos como alternative metal e suas vertentes mais famosas: industrial metal, rap metal e nu metal, muitas vezes incorporam elementos do hip hop e funk. Já o metalcore, que combina hardcore punk com metal extremo, tem alargado ainda mais a definição do gênero.

CARACTERÍSTICAS

O heavy metal se caracteriza tradicionalmente por guitarras altas e distorcidas, ritmos enfáticos, um som de baixo-e-bateria denso e vocais vigorosos. Os subgêneros do metal tradicionalmente enfatizam, alteram ou omitem um ou mais destes atributos. Segundo o crítico do New York Times Jon Pareles, "na taxonomia da música popular, o heavy metal é a principal subespécie do hard rock - o tipo com menos síncope, menos blues, com mais ênfase no espetáculo e mais força bruta." A típica formação da banda inclui um baterista, um baixista, um guitarrista base, um guitarrista solo e um cantor, que pode ou não também tocar algum dos instrumentos. Teclados são por vezes usados para enriquecer o corpo do som; as primeiras bandas de heavy metal costumavam usar um órgão Hammond, enquanto sintetizadores se tornaram mais comuns posteriormente.

A guitarra elétrica e o poder sônico que ela projeta através dos amplificadores foi, historicamente, o elemento chave do heavy metal. As guitarras frequentemente são tocadas com pedais de distorção, por meio de amplificadores de tubo com bastante overdrive, criando um som espesso, poderoso e "pesado". Um elemento central do heavy metal é o solo de guitarra, uma forma de cadenza. À medida que o gênero se desenvolveu, solos e riffs mais sofisticados e complexos tornaram-se parte integral do estilo. Guitarristas usam técnicas como sweep-picking e tapping para tocar com mais velocidade, e diversos estilos do metal enfatizam demonstrações de virtuosismo. Algumas bandas influentes do gênero, como Judas Priest e Iron Maiden, têm dois ou até mesmo três guitarristas que partilham tanto a guitarra base quanto a solo. Uma característica importante é o uso de escalas pentatônicas, exemplificado em bandas como Led Zeppelin, Deep Purple, Black Sabbath.

O papel principal da guitarra no heavy metal frequentemente colide com o papel tradicional de líder da banda (bandleader) do vocalista, o que cria uma tensão musical à medida que os dois "disputam pela dominância" num espírito de "rivalidade afetuosa". O heavy metal "exige a subordinação da voz" ao som geral da banda. Refletindo as raízes do metal na contracultura da década de 1960, uma "demonstração explícita de emoção" é exigida dos vocais, como sinal de autenticidade. O crítico Simon Frith alega que o "tom de voz" do cantor do metal é mais importante do que as letras. Os vocais do metal variam enormemente de acordo com o estilo, do enfoque teatral, abrangendo múltiplas oitavas, de Rob Halford, do Judas Priest, e Bruce Dickinson, do Iron Maiden, até o estilo rouco de Lemmy, do Motörhead, e James Hetfield, do Metallica, chegando até ao urro gutural de diversos vocalistas de death metal.

O papel de relevo do baixo também é crucial para o som do metal, e o intercâmbio entre o baixo e a guitarra formam um elemento central do estilo. O baixo fornece o som grave necessário para tornar a música "pesada". As linhas de baixo do metal variam enormemente em termos de complexidade, desde a manutenção de um simples ponto pedal grave até servir como "alicerce" para os guitarristas, dobrando riffs e licks complexos juntamente com as guitarras base e/ou ritmo. Algumas bandas contam com o baixo como um instrumento solo, um enfoque popularizado pelo baixista Cliff Burton, do Metallica, no início da década de 1980.

A essência da bateria do metal consiste em criar uma batida alta e constante para a banda, usando a "trifeta da velocidade, força e precisão". A bateria do metal "requer uma quantidade excepcional de resistência", e os bateristas do estilo têm de desenvolver "destreza, coordenação e velocidade consideráveis para tocar os padrões complexos" utilizados no metal. Uma técnica característica da bateria do metal é o abafamento do prato, que consiste na percussão de um prato seguida pelo seu silenciamento imediato, através do uso da outra mão (ou, em alguns casos, da própria mão que o percutiu), produzindo uma curta emissão sonora. O setup da bateria do metal geralmente é muito maior do que o que é utilizado em outras formas de rock.

Nas performances ao vivo o volume - "um ataque sonoro", na descrição do sociólogo Deena Weinstein - é considerado vital. Em seu livro Metalheads, o psicólogo Jeffrey Arnett se refere aos shows de heavy metal como "o equivalente sensorial da guerra." Logo após os primeiros passos dados por Jimi Hendrix, Cream e The Who, as primeiras bandas de heavy metal, como Blue Cheer, estabeleceram novos marcos em termos de volume. Segundo o próprio vocalista do Blue Cheer, Dickie Peterson, "tudo o que sabíamos é que queríamos mais força." Uma crítica de um show do Motörhead de 1977 registrou como "o volume excessivo figura com destaque particular no impacto da banda." Segundo Weinstein, da mesma maneira que a melodia é o principal elemento da música pop e o ritmo é o principal foco da house music, som, timbre e volume poderosos são os elementos-chave do metal; o volume excessivo teria como intenção "varrer o ouvinte para dentro do som", fornecendo-lhe uma "dose de vitalidade jovial". A fixação do heavy metal com o volume foi satirizada no documentário de comédia This Is Spinal Tap, no qual um guitarrista de metal alega ter modificado seus amplificadores para "irem até o onze".

LINGUAGEM MUSICAL

RITMO E TEMPO

O ritmo nas canções de metal é enfático, com acentuações intencionais. A ampla gama de efeitos sonoros disponíveis para os bateristas do metal permite que os padrões rítmicos utilizados assumam grande complexidade e mantenham a sua insistência e potência elementares. Em boa parte das canções do estilo a levada principal caracteriza-se por figuras rítmicas curtas, de duas ou três notas - geralmente compostas de colcheias ou semicolcheias. Estas figuras rítmicas costumam ser executadas com ataques em staccato, criados através da técnica conhecida como palm muting, na guitarra base.

Células rítmicas breves, abruptas e independentes são juntadas a frases rítmicas com uma textura distinta, frequentemente irregular. Estas frases são utilizadas para criar um acompanhamento rítmico e figuras melódicas chamadas de riffs, que ajudam a criar ganchos temáticos. As canções de heavy metal também usam figuras rítmicas mais longas, como acordes, semibreves ou com a duração de uma semínima nas chamadas power ballads mais lentas. O tempo no heavy metal mais antigo tinha a tendência a ser "lento, até mesmo ponderoso." No fim da década de 1970, no entanto, as bandas de metal empregavam uma ampla variedade de andamentos. Na década de 2000, os andamentos do metal variam de baladas lentas (semínima = cerca de 60 batidas por minuto) até andamentos blast beat extremante rápidos (semínima = 350 batidas por minuto).

HARMONIA

Uma das marcas registradas do estilo é uma forma de acorde tocada na guitarra, e conhecida como power chord. Em termos técnicos, o power chord é relativamente simples: envolve apenas um único intervalo principal, geralmente a quinta perfeita, embora uma oitava possa ser acrescentada para dobrar a raiz. Embora o intervalo da quinta perfeita seja a base mais comum para o power chord, estes acordes também podem ser baseados em intervalos diferentes, como a terça menor, a terça maior, a quarta perfeita, a quinta diminuta ou a sexta menor. A maior parte dos power chords também é tocada com base numa disposição dos dedos que pode ser facilmente deslocada por todo a extensão do braço.

TÍPICAS ESTRUTURAS HARMÔNICAS

O heavy metal costuma estar fundamentado em riffs criados com os três principais traços harmônicos: escalas em progressões modais, trítonos e progressões cromáticas, além do uso de pontos pedais. O heavy metal tradicional tende a empregar escalas modais, em especial os modos frígio e eólio. Harmonicamente, isto significa que o estilo costuma incorporar progressões de acordes modais, como as progressões eólias I-VI-VII, I-VII-(VI) ou I-VI-IV-VII e as progressões frígias que implicam a relação entre I e ♭II (I-♭II-I, I-♭II-III, ou I-♭II-VII, por exemplo). Relações cromáticas ou de trítonos, de sonoridade tensa, são usadas em diversas progressões de acordes do metal.[32][33] O trítono, um intervalo musical que abrange três tons inteiros - como dó e fá sustenido — era uma dissonância proibida no canto eclesiástico medieval, que fez com que os monges o chamassem de diabolus in música—"o diabo na música", em latim. Devido a esta associação simbólica original, o intervalo passou a ser visto na convenção cultural do Ocidente como "mau". O heavy metal usou extensivamente o trítono em seus solos e riffs de guitarra, dos quais um dos exemplos mais notórios é o início da canção "Black Sabbath", da banda homônima.

As canções de gênero fazem uso frequente do ponto pedal como base harmônica. Um ponto pedal é um tom que é sustentado, tipicamente por um instrumento grave, durante o qual pelo menos uma harmonia "estranha" (ou seja, dissonante) é tocada pelos outros instrumentos.

RELAÇÃO COM A MÚSICA CLÁSSICA

Para o musicólogo Robert Walser, ao lado do blues e do R&B, a "junção dos estilos musicais díspares conhecidos... como 'música clássica'" foi uma das principais influências do heavy metal desde os primeiros dias do gênero. Segundo Walser, "os músicos mais influentes [do estilo] foram guitarristas ou violonistas que estudaram a música clássica. Sua apropriação e adaptação dos modelos clássicos foi a fagulha para o desenvolvimento de um novo tipo de virtuosismo na guitarra e de mudanças na linguagem harmônica e melódica do heavy metal".

Embora diversos músicos de metal citem compositores clássicos como sua fonte de inspiração, o metal e a música clássica têm suas raízes em tradições culturais e práticas diferentes - a música clássica na tradição da música artística, e o metal na tradição da música popular. Como notaram os musicólogos Nicolas Cook e Nicola Dibben, "análises da música popular por vezes também revelam a influência das 'tradições artísticas'. Um exemplo é a associação feita por Walser da música heavy metal com as ideologias e até mesmo com as práticas performáticas do Romantismo do século XIX. No entanto, seria claramente errado alegar que tradições como o blues, rock, heavy metal, rap ou dance music derivam primordialmente da 'música artística'."

TEMÁTICA

O Black Sabbath e as muitas bandas de metal que eles influenciaram concentraram a temática de suas letras "em assuntos soturnos e depressivos, até então nunca abordados em qualquer forma de música popular", de acordo com os acadêmicos David Hatch e Stephen Millward, que tomam como exemplo o álbum Paranoid, de 1970, que "continha canções que lidavam com traumas pessoais - 'Paranoid' e 'Fairies Wear Boots' (que descrevia os lados menos glamurosos do consumo de drogas) - bem como confrontavam questões mais amplas, como a auto-explicativa 'War Pigs' ("porcos de guerra") e 'Hand of Doom'". O holocausto nuclear também foi abordado em canções do metal, como "2 Minutes to Midnight", do Iron Maiden, e "Killer of Giants", de Ozzy Osbourne. A morte é um tema frequente do heavy metal, abordado rotineiramente na letra de bandas tão diferentes quanto Slayer e W.A.S.P. As formas mais extremas do death metal e do grindcore tendem a ter letras agressivas e escatológicas.

Desde as raízes do gênero no blues, o sexo é outro importante tópico das letras do heavy metal - um filão que vai desde as letras sugestivas do Led Zeppelin até as referências mais explícias das bandas de glam e nu metal. Tragédias românticas são um tema corriqueiro do gothic e doom metal, bem como do nu metal, onde a ira e a revolta adolescente é outro tópico central. Canções de heavy metal frequentemente apresentam letras inspiradas pelo bizarro e pelo fantástico, o que lhes dá uma qualidade escapista. As canções do Iron Maiden, por exemplo, inspiravam-se em peças da mitologia, da ficção e da poesia, como "Rime of the Ancient Mariner", baseada no poema homônimo de Samuel Taylor Coleridge. Outros exemplos incluem "The Wizard", do Black Sabbath, "The Conjuring" e "Five Magics", do Megadeth, e "Dreamer Deceiver", do Judas Priest. A partir da década de 1980, com a ascensão do thrash metal e de canções como "...And Justice for All", do Metallica, e "Peace Sells", do Megadeth, mais letras do metal passaram a incluir críticas sociopolíticas. Gêneros como o death metal melódico, o metal progressivo e o black metal costumam explorar temas filosóficos.

O conteúdo temático do heavy metal tem sido por muito tempo alvo de críticas. De acordo com Jon Pareles, "o principal assunto do heavy metal é simples e virtualmente universal. Com grunhidos, gemidos e letras subliterárias, ele celebra... uma festa sem limites... O grosso da música é estilizado e formulista." Diversos críticos de música definiram as letras do metal como juvenis e banais, enquanto outros manifestaram suas objeções ao que viam como a apologia à misoginia e ao ocultismo. Durante os anos 80, a organização americana Parents Music Resource Center enviou uma petição ao Congresso dos Estados Unidos visando regulamentar a indústria da música popular, devido ao que o grupo via como letras questionáveis, especialmente em canções de heavy metal. Em 1990 o Judas Priest foi processado nos Estados Unidos pelos pais de dois rapazes que se suicidaram cinco anos antes, supostamente depois de terem ouvido uma mensagem subliminar (do it, "façam isso") numa canção da banda. Embora o caso tenha atraído muita atenção da mídia, acabou sendo arquivado. Em países predominantemente muçulmanos o heavy metal é denunciado oficialmente como uma ameaça aos valores tradicionais; em países como Marrocos, Egito, Líbano e Malásia foram registrados incidentes de prisões e condenações de músicos e fãs de heavy metal.

ETIMOLOGIA

A origem do termo inglês heavy metal ("metal pesado") num contexto musical é incerta; a frase foi relacionado por séculos com a química e a metalurgia. Um exemplo de um dos primeiros usos da palavra na cultura popular moderna foi feito pelo escritor contracultural William S. Burroughs, que, em seu romance de 1962, The Soft Machine, incluiu um personagem conhecido como "Uranian Willy, the Heavy Metal Kid". Seu romance seguinte, Nova Express, de 1964, desenvolveu o tema, usando heavy metal como uma metáfora para drogas que viciam: "Com suas doenças e drogas orgásmicas e suas formas de vida parasitas e assexuadas - Pessoas de Metal Pesado de Urano, envoltas numa fria névoa azul de notas de dinheiro vaporizadas - e as Pessoas Inseto de Minraud, com a música metal."

O historiador do metal Ian Christe descreveu o que os componentes do termo significavam em "hippiespeak", a "linguagem dos hippies" da época: "heavy", "pesado", seria um sinônimo aproximado de "potente" ou "profundo", e "metal" indicaria um certo tipo de estado de espírito, pesado e opressivo como o metal. A palavra "heavy", neste sentido, era um elemento básico da cultura beatnik e, posteriormente, da gíria usada na contracultura, e referências à "música pesada" ("heavy music") — tipicamente variações mais lentas e mais amplificadas das canções pop tradicionais - já eram comuns em meados da década de 1960. O álbum de estreia do Iron Butterfly, lançado no início de 1968, recebeu o título de Heavy. O primeiro uso do termo heavy metal numa gravação foi a referência a uma motocicleta na canção "Born to Be Wild", da banda Steppenwolf, também lançada naquele ano: "I like smoke and lightning/Heavy metal thunder/Racin' with the wind/And the feelin' that I'm under." Uma alegação posterior, e questionada, sobre a fonte do termo, foi feita por "Chas" Chandler, ex-empresário do Jimi Hendrix Experience; numa entrevista de 1995 ao programa Rock and Roll, da PBS, ele assegurou que heavy metal "era um termo que veio de um artigo do New York Times sobre um show de Jimi Hendrix", onde o jornalista comparou o evento a "ouvir metal pesado caindo do céu." A fonte para esta alegação nunca foi encontrada.

O primeiro uso documentado da expressão para descrever um tipo de rock foi em matérias do crítico musical Mike Saunders. Na edição de 12 de novembro de 1970 da revista Rolling Stone Saunders comentou, a respeito de um álbum lançado no ano anterior pela banda britânica Humble Pie: "Safe As Yesterday Is, seu primeiro lançamento nos EUA, provou que o Humble Pie podia ser tedioso das mais diversas maneiras. Aqui eles se mostravam uma banda de um rock de merda, heavy metal arrastado, barulhento e sem melodia, com as partes altas e barulhentas óbvias demais. Havia umas duas canções boas… e uma pilha monumental de lixo." Ele ainda descreveu o seu álbum mais recente, lançado com o mesmo nome da banda, como "mais da mesma porcaria de metal pesado de 27.ª categoria." Numa crítica do álbum Kingdom Come, de Sir Lord Baltimore, na edição de maio de 1971 da revista Creem, Saunders escreveu: "Sir Lord Baltimore parece ter dominado todos os melhores truques do manual do heavy metal. O crítico Lester Bangs, da Creem, recebeu o crédito pela popularização do termo, através de seus ensaios, escritos no início da década de 1970, sobre bandas como Led Zeppelin e Black Sabbath. Por toda a década, a expressão heavy metal foi usada por alguns críticos como uma forma praticamente automática de se fazer um comentário depreciativo. Em 1979 o popular crítico musical do New York Times, John Rockwell, descreveu o que ele chamou de "heavy-metal rock" como "música brutalmente agressiva tocada principalmente para mentes enevoadas pelas drogas," e, num artigo diferente, como "um exagero cru dos elementos básicos do rock que agrada a adolescentes brancos."

Os termos "heavy metal" e "hard rock" frequentemente foram usados de maneira indiscriminada ao se falar sobre as bandas da década de 1970, um período em que os termos eram, na maior parte dos casos, sinônimos. Por exemplo, a edição de 1983 da Rolling Stone Encyclopedia of Rock & Roll incluiu a seguinte passagem: "conhecido por seu estilo agressivo de hard-rock com base no blues, o Aerosmith era a principal banda americana de heavy metal do meio dos anos 1970."

HISTÓRIA

ANTECEDENTES: FIM DOS ANOS 1950 E MEADOS DA DÉCADA DE 1960


Enquanto o estilo de guitarra típico do heavy metal, construído em torno de riffs e acordes pesados e distorcidos, pode ter suas origens encontradas nos instrumentais do americano Link Wray, no fim da década de 1950, a linhagem direta do gênero se inicia no meio da década seguinte. O blues americano se tornou uma grande influência para os primeiros músicos do gênero na Grã-Bretanha, e bandas como Rolling Stones e The Yardbirds deenvolveram o blues-rock, gravando covers de muitas canções clássicas do blues, frequentemente acelerando seus andamentos. À medida que experimentavam com a música, estas bandas britânicas influenciadas pelo blues - e as bandas americanas que elas influenciavam, por consequência - desenvolveram o que se tornaria posteriormente a marca registrada do heavy metal, em especial o som alto e distorcido da guitarra. O Kinks desempenhou um papel crucial ao popularizar este som em seu hit de 1964, "You Really Got Me."

Uma contribuição significante para este som emergente nas guitarras era a microfonia, fenômeno facilitado por uma nova geração de amplificadores que surgia. Além de Dave Davies, do Kinks, outros guitarristas, como Pete Townshend (The Who) e Jeff Beck (Tridents), experimentavam com a microfonia. Enquanto o estilo de bateria do blues-rock consistia, na maior parte das bandas, de batidas simples, shuffle, em kits pequenos, os bateristas passaram a usar gradualmente técnicas mais vigorosas, complexas e amplificadas, para se equiparar e poder ser ouvido diante do som cada vez mais alto da guitarra. Os vocalistas passaram também a modificar, da mesma maneira, sua técnica, aumentando sua dependência na amplificação, e muitas vezes tornando sua performance mais estilizada e dramática. Em termos de volume, especialmente nas apresentações ao vivo, a postura da banda britânica The Who e sua "parede de Marshalls" foi seminal. Avanços simultâneos na amplificação e na tecnologia de gravação tornaram possível capturar com sucesso em disco o peso deste novo enfoque que surgia.

A combinação do blues-rock com o rock psicodélico formou boa parte da base original do heavy metal. Uma das bandas mais influentes nesta fusão de gêneros foi o power trio Cream, que formou um som característico, pesado e maciço, através de riffs em uníssono tocados pelo guitarrista Eric Clapton e o baixista Jack Bruce, bem como o uso extensivo dos bumbos de Ginger Baker. Seus dois primeiros LPs, Fresh Cream (1966) e Disraeli Gears (1967), são tidos como protótipos essenciais do futuro estilo. O álbum de estreia do Jimi Hendrix Experience, Are You Experienced (1967), também foi extremamente influente. A técnica virtuosística de Hendrix seria emulada por muitos guitarristas do metal, e o single de maior sucesso do álbum, "Purple Haze", é identificado por muitos como o primeiro hit do gênero. As bandas de acid rock, uma vertente do rock psicodélico, ajudaram a definir o heavy metal; e as bandas do gênero que não deixaram de existir acabaram por se tornar bandas de heavy metal, como o Blue Cheer e o Steppenwolf.

ORIGENS

FIM DA DÉCADA DE 1960 E INÍCIO DA DÉCADA DE 1970


Em 1968 o som que se tornaria conhecido como heavy metal começou a coalescer. Em janeiro daquele ano Blue Cheer, uma banda de San Francisco, Califórnia, lançou um cover do clássico de Eddie Cochran, "Summertime Blues", retirado de seu álbum de estreia, Vincebus Eruptum - canção que muitos consideram a primeira gravação legítima de heavy metal. Naquele mesmo mês outra banda americana, Steppenwolf, lançou seu álbum de estreia, que continha o clássico "Born to Be Wild", cuja letra se refere ao termo "heavy metal". Em julho daquele ano duas outras gravações que marcaram época foram lançadas: "Think About It", dos Yardbirds - lado B do último single da banda - com uma performance do guitarrista Jimmy Page que antecipou o estilo de metal que lhe tornaria famoso; e In-A-Gadda-Da-Vida, do Iron Butterfly, com sua faixa-título de 17 minutos, um dos principais concorrentes pelo título de primeiro álbum de heavy metal. Em agosto, a versão single de "Revolution", dos Beatles, com sua bateria e guitarra reverberantes, levou estes novos padrões de distorção a um contexto de alta vendagem.

O Jeff Beck Group, cujo líder havia sido o antecessor de Page nos Yardbirds, lançou seu álbum de estreia naquele mesmo mês; Truth continha alguns dos "ruídos mais derretidos, farpados e absolutamente divertidos de todos os tempos", abrindo caminho para gerações de guitarristas do gênero. Em outubro a nova banda de Page, Led Zeppelin, tocou pela primeira vez ao vivo. Em novembro o Love Sculpture, do guitarrista Dave Edmunds, lançou Blues Helping, onde interprtavam uma versão agressiva e pulsante da "Dança do Sabre", do compositor de música clássica armênio Aram Khachaturian. O chamado Álbum Branco dos Beatles saiu no mesmo mês, e continha "Helter Skelter", uma das canções mais pesadas já lançadas por uma banda até então. A ópera rock S.F. Sorrow, da banda inglesa The Pretty Things, foi lançada em dezembro, e apresentava canções de "proto-heavy metal", como "Old Man Going."

Em janeiro de 1969 o Led Zeppelin lançou o seu álbum homônimo de estreia, que atingiu o 10º lugar na parada de sucessos da revista americana Billboard. Em julho, o Led Zeppelin e um power trio inspirado no Cream, porém com um som mais cru, o Grand Funk Railroad, tocou no Atlanta Pop Festival. Naquele mesmo mês outro trio com raízes no Cream, liderado por Leslie West, lançou Mountain - um álbum repleto de guitarras pesadas de blues-rock, e vocais rugidos. Em agosto o grupo - que a esta altura se chama Mountain - tocou um set de uma hora no Festival de Woodstock. O álbum de estreia do Grand Funk, On Time, também saiu no mesmo mês. No outono o álbum Led Zeppelin II atingiu a primeira posição, e o seu single "Whole Lotta Love" chegou à quarta posição na parada pop da Billboard.

O Led Zeppelin definiu aspectos centrais do gênero que emergia, com o estilo altamente distorcido de guitarra de Page, e os vocais dramáticos e lamuriosos de Robert Plant. Segundo o Allmusic, o Led Zeppelin foi a banda definitiva do gênero, não apenas pela sua interpretação agressiva e pesada do blues, mas também por terem incorporado a mitologia, o misticismo e uma variedade de outros gêneros ao seu som. Ao fazer isso, eles teriam estabelecido o formato dominante do gênero. Outras bandas, com um som de metal mais "puro", mais consistentemente pesado, também se revelariam igualmente importantes na codificação do gênero. Os lançamentos em 1970 do Black Sabbath (Black Sabbath e Paranoid) e Deep Purple (In Rock) foram cruciais neste ponto. O Black Sabbath havia desenvolvido um som particularmente pesado, em parte devido a um acidente industrial que o guitarrista Tony Iommi havia sofrido antes de co-fundar a banda, e feriu sua mão; incapaz de tocar normalmente seu instrumento, Iommi tinha que utilizar afinações mais graves em sua guitarra, para que seus dedos pudessem alcançar as notas desejadas, e usada power chords, que exigiam dedilhados mais simples. O Deep Purple, que havia flutuado entre diversos estilos no seu início, foi levado rumo ao heavy metal, com a entrada, em 1969, do vocalista Ian Gillan e do guitarrista Richie Blackmore. Em 1970 o Black Sabbath e o Deep Purple conseguirem grande sucesso nas paradas britânicas com "Paranoid" e "Black Night", respectivamente. Naquele mesmo ano, três outras bandas britânicas lançaram álbuns de estreia no estilo: Uriah Heep, com Very 'eavy… Very 'umble, UFO, com UFO 1, e Black Widow, com Sacrifice. O Wishbone Ash, embora não fosse comumente identificado como metal, introduziu um estilo duplo de guitarra-solo/guitarra-base que muitas bandas de metal das gerações posteriores adotariam, enquanto a banda Budgie trouxe o novo som do metal para um contexto do power trio. As letras e o imaginário de ocultismo empregados por bandas como Black Sabbath, Uriah Heep e Black Widow se provariam particularmente influentes; o Led Zeppelin também começou a experimentar com estes elementos em seu quarto álbum, lançado em 1971.

No outro lado do Atlântico quem ditava as tendências era o Grand Funk Railroad, "a banda de heavy metal mais bem-sucedida dos Estados Unidos desde 1970 até o seu fim, em 1976, [eles] estableleceram a fórmula de sucesso dos anos 1970: turnês contínuas." Outras bandas identificadas com o metal surgiram nos EUA, como Dust (primeiro LP em 1971), Blue Öyster Cult (1972), e Kiss (1974). Na Alemanha, o Scorpions estreou com Lonesome Crow, em 1972. Richie Blackmore, que havia despontado como um solista virtuoso em Machine Head (1972), do Deep Purple, abandonou o grupo em 1975 para formar o Rainbow. Estas bandas construíram seu público através de turnês constantes, e shows cada vez mais elaborados. Como mencionado anteriormente, no entanto, ainda existe muito debate acerca de quais bandas merecem realmente o rótulo de "heavy metal", e quais se encaixam apenas na categoria do "hard rock". Aqueles que estão mais próximos das raízes do estilo, no blues, ou que dão maior ênfase à melodia, costumam receber a segunda categorização. O AC/DC, que estreou com High Voltage, em 1976, é um exemplo; seu verbete na enciclopédia de 1983 da Rolling Stone se inicia com "a banda de heavy metal australiana AC/DC…" O historiador do rock Clinton Walker escreveu que "chamar o AC/DC de uma banda de heavy metal nos anos 1970 era tão pouco preciso como é hoje em dia.... [Eles] eram uma banda de rock 'n' roll que apenas calhava de ser pesada o bastante para o metal. A questão envolve não apenas definições em constante alteração, porém também uma distinção permanente entre estilo musical e identificação do público; Ian Christe descreve como a banda "se tornou a escada que levou grandes números de fãs do hard rock para a perdição do heavy metal."

Em certos casos, já existe maior concordância. Depois do Black Sabbath, o principal exemplo é a banda britânica Judas Priest, que debutou com Rocka Rolla, em 1974, e viria se tornar uma das bandas mais influentes do gênero. Na descrição de Christie,

a platéia do Black Sabbath ficou… a ver navios, atrás de sons com um impacto similar. No meio da década de 1970, a estética do heavy metal podia ser identificada, como uma criatura mítica, no baixo temperamental e nas guitarras duplas complexas do Thin Lizzy, na teatralidade de Alice Cooper, nas guitarras estridentes e nos vocais exibidos do Queen, e nas questões medievais tonitruantes do Rainbow.... o Judas Priest chegou para unificar e amplificar todas estas características diferentes da paleta de sons do hard rock. Pela primeira vez o heavy metal se tornava um gênero de verdade, por si só.

Embora o Judas Priest não tenha conseguido colocar um álbum no Top 40 dos Estados Unidos até 1980, para muitos ela foi a banda definitiva de heavy metal pós-Sabbath; seu ataque duplo na guitarra, com andamentos rápidos e um som metálico, mais limpo e sem influências do blues, passou a ser uma grande influência nos artistas que se seguiram à banda. Enquanto o heavy metal crescia em popularidade, a maior parte dos críticos não parecia ter se apaixonado pela música; levantaram objeções quanto à adoção que o estilo havia feito dos espetáculos visuais e de outros artifícios comerciais, porém a principal ofensa parecia ser o seu suposto vazio musical, e em suas letras: ao criticar um álbum do Black Sabbath no início da década de 1970, o importante crítico Robert Christgau o descreveu como uma "exploração amoral, tola… enfadonha e decadente".

terça-feira, 28 de setembro de 2010

KING KOBRA: MÚSICA INÉDITA EM HOMENAGEM A RONNIE JAMES DIO

Traduzido por Marcelo Puzzy
Fonte: Facebook/Sleaze Roxx


O recém-reunido King Kobra, que conta com Carmine Appice, David Michael-Philips (Henzerling, Big Cock), Mick Sweda (Bulletboys), Johnny Rod (WASP) e o vocalista Paul Shortino (substituindo Marcie/Mark Free livre do line-up original), estão trabalhando em um novo álbum para ser lançado pela Frontiers Records em 2011. Uma nova música intitulada "Monster's & Hero's", composta em homenagem a Ronnie James Dio, pode ser ouvida na página do Facebook da banda:

CLIQUE AQUI!

No início deste ano, o veterano baterista Carmine Appice declarou: "Desde o desmembramento do King Kobra no final da década de 1980, tenho viajado o mundo com bandas diferentes, fazendo experiências, tocando com o Vanilla Fudge, entre vários outros projetos. Por onde quer que eu passasse as pessoas me davam discos do King Kobra para autografar, e eu pensei que 2010 seria o momento ideal para trazer a banda de volta ao cenário do rock n' roll. Então estamos com a formação original, exceto pelo vocalista Mark Free ou Marcie. Em vez disso, um dos meus vocalistas favoritos, Paul Shortino (Duke Fame) assumiu os vocais... então prepare-se para agitar com o King Kobra!"

RONNIE JAMES DIO: CANTOR GANHA ESTÁTUA NA BULGÁRIA

Por Carol Albuquerque
Fonte: Blabbermouth


O lendário vocalista de heavy metal Ronnie James Dio terá um monumento dedicado a ele na cidade costeira de Kavarna, que fica na Bulgária. A estátua será colocada no parque central da cidade, como parte do logo a ser construído o "Walk of Rock", um projeto aprovado pela Câmara Municipal há quatro anos.

Segundo a Rádio Bulgária, a decisão de erguer o monumento foi tomada pela administração municipal e contou com a participação de músicos e jornalistas da cidade.

Uma réplica do monumento foi exibido durante três dias e um modelo em gesso da estátua já foi criado, marcando a fase final da preparação. A estátua terá 1,5 metros de altura e contará com grandes pedras retiradas do mar.

Dio teria sido um dos primeiros cantores de rock a tocar em Kavarna e ajudou ativamente em uma campanha social.

OZZY: DEDICANDO MÚSICA A SEU "VELHO AMIGO" RONNIE JAMES DIO

OZZY OSBOURNE dedicou a música "Road To Nowhere" ao seu “velho amigo” Ronnie James Dio durante um show no dia 22 de setembro, no Palasharp Arena em Milão, Itália.

“Gostaria de dedicar essa a meu velho amigo Ronnie James Dio” disse Osbourne no palco. “Deus o abençoe cara. É uma canção chamada 'Road To Nowhere'. Eu te amo Ronnie.”

Um vídeo filmado por um fã durante a dedicatória a Dio pode ser visto abaixo:

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

KISS

Por Virgínia Fisch

Nascido em 20 de Janeiro de 1952, Stanley Harvey Eisen era motorista de táxi no Queens em Nova York e conheceu o professor de inglês Chaim Witz ,nascido em Israel em 25 de agosto de 1949, (que mais tarde mudou seu nome para Eugene Klein).

Ambos já haviam tocado em várias bandas, Stanley tocou em grupos pouco famosos na época como Post War Baby Boom, Uncle Joe, Rainbow. Eugene havia passado por bandas como Long Island Sounds, Rising Sun, The Missing Links, Bullfrog Bheer, Cathedral, também tocou na banda Rainbow assim como seu amigo Stanley, quando se conheceram.

Saindo da Rainbow decidiram formam em 1973 a banda Wicked Laster em conjunto com Steve Coronel e Tony Zarella. Tocando um rock ‘n roll simples com guitarras distorcidas e vocais melodiosos, gravaram uma demo com algumas músicas que futuramente se tornariam hits da vindoura banda Kiss, mas na época nenhuma gravadora se interessou pelo trabalho do quarteto.

Com a frustração, Stanley e Eugene resolveram mudar complemente a proposta de trabalho, dissolvem a recém formada Wicked Laster e passam a pensar na criação de uma super banda. Imediatamente assumiram pseudônimos: Stanley Harvey Eisen passou a atender pelo nome de Paul Stanley e Eugene Klein por Gene Simmons.

Mas não poderiam formar um super grupo sozinhos, colocam então um anúncio num conceituado jornal Nova Iorquino chamado Village Voice, solicitando músicos para formar uma nova banda.

Aparece então o tímido baterista Peter Criscuola III, nascido no Brooklyn em Nova York em 20 de Dezembro de 1947, para fazer os testes. Gene Simmons percebe que o rapaz estava bem vestido e pergunta: "Se num show a gente lhe pedir pra ir fantasiado de mulher, você vai?", a resposta afirmativa de Peter lhe dá o lugar na banda, que passa a se chamar simplesmente Peter Criss. Suas bandas anteriores foram The Barracudas, Chelsea, Lips.

Paul Stanley não sabia fazer solos e precisavam de um guitarrista com essa técnica. Mais um anúncio no jornal e dezenas de candidatos aparecem até que um chega cortando fila, vestido de forma estranha, com tênis colorido e calças rasgadas. Gene até pensou que se tratava de um mendigo não fosse o fato de estar segurando uma guitarra.

Paul o alertou de que não poderia cortar fila e pedindo desculpas o rapaz se dirigiu ao fim. Chegou a hora dele mostrar seu talento e durante o teste Gene, Paul e Peter ficaram impressionados com a habilidade do jovem, seu lugar na banda estava garantido e seu nome era: Paul Daniel Frehley, nascido em 27 de Abril de 1951 no Bronx também em Nova York, que já havia passado por bandas como The Exterminators, The Four Roses, The Muff Divers e Molino. E como os outros três troca o seu nome e passa a se chamar Ace Frehley.

A banda estava formada com Paul na guitarra e nos vocais, Gene no baixo e nos vocais, Ace na guitarra e Peter na bateria.

Faltava ainda um nome para o grupo. A inspiração veio de um concurso realizado no Queens Boulevard em Nova York que premiaria o casal que permanecesse mais tempo de beijando, o nome estava dado – Kiss (beijo).

A sensualidade e sexualidade expressa no nome acompanharia o Kiss na maior parte de suas músicas. Começaram então a trabalhar em composições feitas durante a extinta Wicked Laster, mas além de tudo queriam chocar o público.

Para tanto, se inspiraram em bandas como New York Dolls e no rock-horror show de Alice Cooper para definir a atitude e figurino da banda.

Decidiram se maquiar e assumiram essa personalidade como sendo essencial para a sucesso do grupo, escondendo assim por anos a fio a verdadeira identidade de seus músicos.

A maquiagem foi definida se baseando em elementos referentes a verdadeira personalidade de cada um. Gene Simmons adora filme de terror e assumiu uma maquiagem que o deixaria com cara de mal. Paul pintou uma estrela em seu olho direito pois sonhava em ser um astro do rock. Ace concebeu sua maquiagem baseada no espaço sideral e numa estética futurista por ser uma pessoa "aérea", dispersiva. Por adorar felinos, Peter adotou uma imagem de homem-gato, acredita ainda que tenha sido um gato em outras encarnações.

Para definir o figurino da banda, mesclaram elementos de super heróis em quadrinhos com personagens do teatro japonês. Usando botas com saltos enormes que davam um ar de super heróis titânicos ao grupo e se tornariam então: "The Starchild" (Paul Stanley), "The Demon" (Gene Simmons), "Space Ace" (Ace Frehley) e The Catman (Peter Criss).

Um elemento visual que acabou se tornando ícone da banda é com certeza a língua de Gene Simmons. Ele realizou uma pequena cirurgia para a remoção do "freio", um músculo responsável pelos movimentos da língua, deixando-a muito maior que o normal e com maior liberdade de movimentos.

Definido o visual da banda, era hora de criar os cenários de palco. Efeitos especiais sonoros, de luzes e fumaça aliados a velas acesas e um imenso letreiro luminoso contendo o logotipo da banda que piscava aleatoriamente criavam um clima de mistério e terror.

Queriam proporcionar ao público não só música e sim um espetáculo que abrangesse os diversos estados da arte. Nos primeiros shows, risos, piadas e deboches, por parte do público. Mas, gradativamente, a banda foi conquistando seu espaço.

Em 1973, na cidade de Nova York aconteceria o primeiro show de grande porte do Kiss. Para tanto, eles contrataram a popular banda Brats para abrir o show e mandaram convites a imprensa em nome do Kiss e como já não bastasse, mesmo endividados até o último fio de cabelo, alugaram uma limousine para chegar ao local do show em grande estilo. Tudo isso para tentar passar ao público e a imprensa a imagem de que o Kiss já era uma banda famosa.

Toda essa jogada de marketing não foi em vão. Dezenas de jornalistas e produtores de gravadoras compareceram ao show movidos pela curiosidade de ver quem eram aqueles ilustres desconhecidos que haviam contratado os famosos Brats para uma apresentação.

E no mesmo ano, conseguiriam com isso um contato com Neil Bogart, presidente da recém inaugurada Casablanca Records (que nos dias de hoje grava apenas dance music).

Bogart resolveu investir na banda por acreditar na proposta musical e na estética do Kiss, assinaram contrato e no ano seguinte, em 1974, lançariam o primeiro disco auto-intitulado. Toque de humor, sensualidade e provocação caracterizam a maioria das faixas do disco. Este excelente trabalho de estréia dá uma amostra do estilo que o Kiss desenvolveria no decorrer da carreira. Mesmo contendo músicas que se tornariam mais tarde obrigatórias em shows, como Black Diamond, Strutter, Deuce, Firehouse, Nothing to Loose, o álbum não emplaca em vendas. A foto da capa foi inspirada na famosa capa de Meet The Beatles.

Para promover o disco, a gravadora realiza um concurso inspirado no mesmo que deu nome a banda. Ao som de Kissin´ Time, um dos temas do disco, premiariam o casal que permanecesse mais tempo se beijando. Mesmo assim o primeiro álbum do Kiss continua empoeirando nas prateleiras das lojas. Mas o que seria o fracasso de vendas do primeiro disco para uma banda que fazia de tudo para chamar a atenção?

Continuaram a trabalhar e 3 meses após o lançamento do primeiro, lançam o segundo disco intitulado de Hotter than Hell (Mais Quente que o Inferno) em 22 de Outubro de 1974.

Um disco pesado com uma musicalidade agressiva, entre as músicas se destacam Got To Choose, Goin' Blind, Let Me Go Rock 'N Roll, Comin’ Home.

Uma das características mais curiosas desse disco ficam por conta da capa. Nela está escrito o nome da banda em caracteres japoneses, numa tentativa de passar uma falsa impressão de que eles já eram consagrados no lado ocidental do globo.

Na contra-capa, aparece uma foto de Paul Stanley fazendo sexo ao luar com uma prostituta, outra de Peter Criss também realizando a mesma ação e de Gene Simmons com uma taça de vinho, inferindo um banquete. Pode-se identificar vários elementos que remetem à orgia, a sexualidade, era o Kiss criando polêmica mais uma vez com uma capa de conteúdo forte para os padrões da época. Assim como o primeiro, o disco não alcança grandes vendas mas já começa a demonstrar uma maior aceitação por parte do público.

Durante os shows várias características ficariam marcadas, como as danças sensuais, pulos balançar dos longos cabelos. O Kiss era uma banda destinada apenas em divertir as pessoas, falavam de amor, sexo, festa e rock ‘n roll em suas músicas mas mesmo assim adotariam atitudes que serviam de contestação como quebrar instrumentos e balançar a cabeça, atos esses que já eram praticados por vários artistas, como Jimi Hendrix.

Mas a banda também criou atitudes que se tornaram as mais esperadas durante os shows. Além de movimentar vorazmente a sua língua para provocar o público, Gene Simmons praticaria números de cospe-fogo e cospe-sangue.

O fogo vem durante a execução da música Firehouse. Com querosene na boca, Gene cospe em direção a tocha que segura na mão criando assim uma chama de dois metros de comprimento. Após tostar seus cabelos várias vezes, Gene Simmons se tornou um dos maiores cuspidores de fogo do mundo. Para o número cospe-sangue, Gene aguarda a música 100,000 Years e como num ritual de magia negra, lentamente pequenas gotas de sangue começam a escorrer pelo canto da boca, até se transformar em um jorro abundante. Como trilha sonora para esta atitude, Gene toca seu baixo, utilizando efeitos de eco e distorção, além do som de correntes sendo arrastadas e de vento, o que cria uma atmosfera tensa.

A partir da turnê de Hotter than Hell, uma mensagem acompanha todos os shows da banda. Sempre ao início de cada apresentação, um mestre de cerimônias berra a seguinte frase: "You Wanted the Best and You Got the Best. The Hottest Band in the World, Kiss!" - , traduzindo: "Vocês são os melhores e vocês terão o melhor, a banda mais quente do mundo, Kiss". Esta repetição constante de mensagem tornou-se emblemática na carreira da banda. Este slogan, marca definitivamente, o início do conceito Kiss: "Ser um Super-grupo".

Dia 19 de março de 1975 marca a data de lançamento de Dressed to Kill (Vestidos para Matar), o terceiro disco da banda. É nesse álbum que esta contido um dos maiores sucessos da banda e que se tornou um dos maiores clássicos do rock, o hino Rock ‘n Roll All Nite.

Segundo Paul Stanley, ela definiria o espírito do que era viver o mundo do rock´n´roll para o Kiss. A música traz elementos de sensualidade e trechos referentes a rebeldia dos jovens que procuravam viver da melhor forma possível se divertindo ao máximo. C’mon And Love Me e Rock Bottom são os outros destaques do disco.

Como sempre o Kiss e a gravadora usariam de todo o poder de marketing para alcançar grandes vendas. Uma das muitas formas que utilizaram para promover Dressed to Kill, foi levar a banda para passear em um luxuoso carro aberto e pra completar atiravam gomas de mascar e balas para as pessoas que passavam. Diante daqueles seres maquiados, as reações eram de espanto, medo e admiração .

Dressed to Kill é mais um disco em que a capa se tornou curiosa. Na foto aparecem os integrantes, devidamente maquiados, vestidos de terno e ainda pode notar-se que o terno de Gene Simmons é mais curto do que deveria ser, isso ocorreu porque a roupa que Gene vestia era do próprio dono da Casablanca Records. Isso devido ao fato de que mesmo diante de toda a produção, a banda ainda não tinha dinheiro suficiente para viver. Todos os demais ternos utilizados na foto foram emprestados por amigos ou parentes.

Aproveitando o momento de sucesso, o Kiss lança em 10 Setembro de 1975, o primeiro de uma série de três álbuns ao vivo, o Alive! (Vivo!).Este disco duplo conquistou definitivamente o público americano, mas alguns críticos consideraram este projeto um tanto quanto duvidoso, visto que, naquela época, os discos ao vivo só eram lançados por artistas em final de carreira, como última tentativa de incrementar suas vendas.

Mesmo assim chega em nono lugar na parada da Billboard e recebe os três primeiros discos de platina, e após duas semanas, com quinhentas mil cópias vendidas, converte um disco de ouro para a banda. A produção fica por conta de Eddie Kramer, famoso por trabalhos com Jimi Hendrix e Led Zeppelin.

O sucesso era inevitável e o dinheiro começava a aparecer, mesmo assim a banda ainda adotava truques curiosos para economizar e impressionar o público. Entre outras manobras, eles amontoavam caixotes de madeira vazios com uma frente falsa no formato de amplificadores, construindo assim uma suposta gigantesca parede de amplificadores.

Tendo em vista que cada amplificador Marshall utilizado em palco custava na época o equivalente à US$ 600 (seiscentos dólares), a mídia se perguntava: "Como era possível que uma banda desconhecida possuísse tamanho equipamento?".

Outro fato curioso é o recorde de tempo em que a banda lançava discos. Foram quatro num curto período de dois anos. O que tornou o Kiss ainda mais visado pela imprensa em geral. Para aproveitar a excelente fase, nada melhor do que mais um disco. A Casablanca contratou para a elaboração do quinto álbum, o produtor Bob Ezrin, um dos melhores da época, tendo trabalhado com artistas como Pink Floyd, Peter Gabriel e Alice Cooper.

Como resultado dessa parceria, em 15 de março de 1976, sai Destroyer (Destruidor), disco que se tornaria um clássico absoluto trazendo nada mais, nada menos que petardos como: Detroit Rock City, King Of The Night Time World, God Of Thunder, Shout It Out Loud e Do You Love Me?.

A banda explora ainda uma nova sonoridade, incluindo violinos e pianos na primeira balada, Beth. Escrita por Peter Criss, ela causou certo desconforto entre os demais integrantes, que não concordavam em incluir uma balada no repertório da banda, por diferir totalmente do trabalho que vinha sendo realizado. Mesmo assim, Beth se tornou um dos maiores sucessos de Destroyer e foi a responsável por incluir o Kiss na programação das diversas rádios FMs. A capa de Destroyer apresenta paradigmas típicos de revista em quadrinhos, retratando, através de uma ilustração, a imagem da banda como super-heróis que invadem Nova York ao cair da noite.

No final de 1976 a banda já havia vendido mais de 1 milhão de discos e a média de público nos shows girava em torno de 15 mil pessoas. Até então o Kiss era bem popular nos Estados Unidos e a partir daí passa também a ser reconhecido mundialmente, incluindo a Europa e, principalmente, o Japão. Com o sucesso no lado ocidental do planeta a Casablanca Records lança somente no Japão, uma caixa especial contendo os três primeiros discos, intitulada de The Originals.

O Kiss começa a aparecer freqüentemente nas TV’s americanas e vai criando uma legião de fãs apaixonados pela banda. Nesta fase, surge o empresário Bill Aucoin, renomado profissional que passa a controlar os negócios do Kiss, desde posters até camisinhas. Funda-se o Kiss Army, exército de fanáticos em todo o mundo que são comandados pela própria banda. O Kiss Army responsabiliza-se, como um fã clube mundial, pela promoção e divulgação da banda, produzindo fanzines e comercializando diversos materiais relacionados ao grupo. Existe ainda uma curiosa lenda em torno do Kiss Army, onde dizem que o fã-clube possui uma gigantesca fortuna que será distribuída como herança aos fãs após a morte de seus ídolos.

O Kiss lança o álbum Rock´n´Roll Over em 11 de Novembro de 1976. Considerado por muitos o melhor álbum da banda, vem recheado de clássicos como Calling Dr. Love, Baby Driver e a balada Hard Luck Woman escrita por Paul como um presente a Rod Stewart, que não quis gravá-la. Outros destaques do disco são I Want You e Makin’ Love. É um ano calmo para a banda, que, a esta altura já está incluída na categoria de super-grupo, devido a magnitude de seus shows.

Em 30 de Junho de 1977, o Kiss lança o álbum Love Gun mantendo a mesma qualidade dos álbuns anteriores, vende um milhão de cópias em apenas uma semana. Os destaques ficam por conta da faixa que dá título ao disco, Love Gun, e ainda Shock Me com Ace Frehley nos vocais, I Stole Your Love, Plaster Caster e Christine Sixteen. A capa do disco é novamente referência a personagens de quadrinhos. No desenho estão os quatro integrantes da banda como super-heróis, sendo adorados por um séquito de mulheres devidamente maquiadas.

A gravadora repete a fórmula e em 14 de Outubro de 1977 lança mais um duplo ao vivo, Alive II, que alcança o mesmo sucesso do primeiro. As novidades ficam por conta das 5 faixas inéditas de estúdio: All American Man, Rockin' In The U.S.A., Larger Than Life, Rocket Ride e Any Way You Want It. Cogitaram também a possibilidade de gravar Jailhouse Rock do Elvis, mas Presley morreu e o Kiss desistiu da idéia.

A turnê do Kiss começava a ganhar ares de monstruosa. Envolvia cerca de 50 pessoas na equipe, dentre elas havia um "batedor", cuja função era providenciar hotel, limusines e alimentação especial para cada um dos integrantes (Paul Stanley exigia comida japonesa, Ace preferia pratos vegetarianos, etc); um chefe de segurança; um produtor responsável pela movimentação da equipe e do equipamento; um manager de palco; um figurinista, responsável também pela maquiagem; um técnico em efeitos especiais; um técnico para guitarra, outro para baixo e um para bateria; três carpinteiros; um motorista; um tesoureiro e um produtor geral, responsável por toda a equipe. A parafernália usada nos shows não deixava por menos, eram: 16 toneladas de equipamento pessoal; 24 toneladas de som; 17 toneladas de luz; 18 toneladas de cenário. Tudo isso obviamente não ficava barato, e a produção se tornava milionária. Com o som e a iluminação eram gastos um milhão de dólares e só o custo do cenário estava avaliado em cerca de um milhão e cem mil dólares. Eram necessárias 24 horas de trabalho intenso para montar toda a estrutura do show. Tudo ficava pré-estabelecido nos contratos, desde a dimensão do local escolhido para a apresentação até caracterizações detalhadas sobre os camarins. E de escasso, o dinheiro passou a ser farto, nessa época a banda também já possuía seu próprio avião, chamado Of Course. Desde 1975 até 1980, o Kiss já havia percorrido cerca de três milhões de quilômetros.

No ano de 78 duas coletâneas são lançadas. Somente no Japão sai a caixa The Originals II, reunindo três álbuns (Destroyer, Rock´n´Roll Over e Love Gun). Com a falta de material inédito, em 2 de Abril do mesmo ano, é lançada coletânea Double Platinum contando os maiores hits até o momento. O destaque fica para uma versão da canção Strutter, originalmente lançada no primeiro disco em 74. Nesta nova versão ela recebe o nome de Strutter ’78.

Para o Kiss o tudo não era o suficiente, queriam estar em todos os lugares, em tudo que fosse possível comprar. Neste período, a banda começa a associar a sua imagem em quase tudo, o que fazia que ficassem cada vez mais populares e arrecadassem mais dinheiro. Podia-se encontrar de tudo com a logomarca do Kiss, incluindo lancheiras, posters, fotos, radinhos de pilha, revistas, máquinas de fliperama, bottons, adesivos, carrinhos de brinquedo, jogos, quebra-cabeças, chaveiros, fósforos, gargantilhas, moedas comemorativas e cartões postais.

Mas um fato interessante, é que o Kiss nunca apresentou uma participação significativa nas paradas de sucesso das rádios, mas isso em nenhum momento foi suficiente para atrapalhar a vendagem de discos e a massificação do público fanático pela banda. Os fãs se tornavam cada vez mais apaixonados, assumiam a personalidade de seus ídolos se maquiando e se vestindo como eles. Mais a frente mostraremos fatos, onde religiosos fanáticos tentavam provar por A mais B que o Kiss hipnotizava as pessoas, atraindo-as para seus shows.

Você acha que esse marketing já era o bastante? Pois se enganou. Ainda em 1978, A Marvel Comics lança uma revista em quadrinhos da banda , transformando Ace, Paul, Gene e Peter em super-heróis, tendo como base Capitão América, Super Homem e Homem Aranha. E para promover ainda mais a banda, as primeiras trezentas cópias do gibi continham sangue dos próprios músicos misturado com a tinta utilizada na impressão. No dia da retirada do sangue de cada integrante num laboratório americano, a imprensa acompanhou tudo de perto. Segundo declarações da banda, seria uma forma de "dar nosso sangue pelos fãs".

No mesmo ano, a banda é convidada a realizar um filme, com o propósito de serem transformados em super-heróis. Kiss Meets The Phantom Of The Park (Kiss Encontra o Fantasma do Parque), tem o roteiro baseado em mostrar os quatro heróis travando uma luta contra um vilão de um parque de diversões que criou bonecos iguais a eles para fazerem o mau. Um filme trash de qualidade duvidosa, mas teve boa aceitação por parte dos fãs, é claro. Já nessa época, Peter Criss começava a demonstrar seu grande interesse em sair da banda, faltava as seções de filmagens e sua voz no filme foi substituída por um dublador, já que ele faltou no dia de gravar.

Não demora muito para começarem a surgir ainda mais divergências entre a banda. Findo o ano de 1978, Ace e Peter já se mostram descontentes e cansados. Para amenizar a situação e evitar a saída dos dois, a banda lança um álbum solo de cada integrante para que cada um pudesse desenvolver seu próprio trabalho. Um dado curioso é que, cada integrante dedicou seu disco solo aos outros membros do Kiss. O disco de Ace foi considerado o melhor entre os quatro, que regravou o sucesso New York Groove.

Boatos dizem que, depois desse disco, o guitarrista ficou se achando o tal e começou a pensar na carreira-solo. O disco de Paul mantém um som muito parecido com o do Kiss. O solo de Gene dividiu opiniões, alguns gostaram outros odiaram. Gene incluiu uma versão de When You Wish Upon A Star, música-tema do desenho Pinóquio, e algum tempo mais tarde ele próprio diria: "Não sei porque fiz esse disco. Foi obra de um homem completamente perdido". O disco de Peter Criss é considerado o mais dançante e fraco dos quatro.

Após um certo tempo a gravadora lança a coletânea The Best Of Solo Albuns, que trazia as melhores músicas dos 4 discos solo. Apesar do não ter sido feita nenhum tipo de divulgação ou tour, esses discos conseguiram relativo sucesso.

Com a crise entre os membros um pouco controlada, convidam para o próximo disco o produtor Vini Poncia, o mesmo responsável pela produção do disco solo de Peter Criss. Eles deixam o rock pesado de lado e passam a flertar com a música disco (pop dançante), lançam assim o disco Dynasty em 23 de maio de 1979.

Neste disco está a faixa I Was Made for Loving You, a primeira parceria do Kiss com o hit-maker (criador de músicas destinadas à parada de sucesso) Desmond Child. Uma música de discoteca que enfureceu fãs e fez parte da trilha do filme Amor sem Fim. O resultado desta parceria foi significativo para o Kiss. Com uma estética musical totalmente disco, I Was Made For Loving You alcançou o topo das paradas americanas. Mas apesar disso, a turnê de Dynasty foi a primeira a dar prejuízo.

Peter Criss faz seu último show com o Kiss em 29 de novembro de 1979. Mais problemas começam a surgir, a banda continua a investir numa música comercial e em 20 maio de 1980 é lançado o disco Unmasked (Desmascarados). Peter Criss estava tão descontente que nem apareceu para gravar, sendo substituído por Anton Fig, um músico de estúdio. Mesmo assim o nome de Criss aparece nos créditos de Unmasked. Este dado foi revelado apenas 16 anos depois, em 1996. O destaque do álbum fica por conta da faixa Shandi.

Em sua curiosa capa, Unmasked mostra em formato de história em quadrinhos os músicos sendo perseguidos por repórteres que tentam fotografá-los sem as mascaras. No penúltimo quadrinho, eles retiram suas mascaras e seus verdadeiros rostos aparecem idênticos às máscaras, uma forma de mostrar que aqueles seres mitológicos não são uma realidade construída, mas sim, um mito vivo.

Apenas algumas semanas após o lançamento do disco, a banda anuncia a saída de Peter e a entrada do novo baterista, Eric Carr (Paul Charles Carrovello, nascido em 12 de julho de 1953 no Brooklyn em Nova York. Flasher foi a sua única banda anterior), hoje considerado por muitos o melhor baterista que passou pelo Kiss.

Para encontrar Eric Carr, como no começo da carreira foi feito outro anúncio no jornal Village Voice promovendo um concurso para a escolha do novo integrante. Mas dessa vez de forma totalmente anônima, no anúncio não ficava especificado que estavam procurando um baterista para o Kiss. Eric pintou seu rosto assumindo a forma de raposa "The Fox". A escolha pela raposa foi feita por Gene, pois, segundo ele, "Eric era astuto como uma raposa".

Partiram para uma nova tour, passando pelo famoso Palladium em Nova York e pela Austrália em em novembro de 1980, para um público de oitenta mil pessoas. Nessa fase, a imprensa começa a publicar críticas negativas sobre a banda, acusando seus integrantes de incompetência musical camuflada pela maquiagem e pelos efeitos especiais. Devido as críticas intensas o Kiss resolve cancelar sua tour e começam a trabalhar em um novo lançamento que seria o primeiro com Eric Carr.

Para rebater as críticas sofridas e tentar finalmente agradar aos críticos mostrando que eram músicos competentes, o Kiss muda radicalmente de posicionamento. Pela primeira vez desde seu surgimento, via-se uma foto da banda com os integrantes de cabelos curtos e com roupas mais discretas, apesar de continuarem utilizando as máscaras. Contrataram novamente o produtor Bob Ezrin (que produziu Destroyer) e lançaram, em 10 novembro de 1981, o álbum Music From the Elder (Música para os mais Velhos).

O álbum tinha como base ser um disco conceitual baseado na história de um menino que é escolhido para lutar contra as forças do mal. Todas as letras eram relacionadas a esse mesmo tema (recurso utilizado pelos grupos de música progressiva da época). Lou Reed, ex-Velvet Underground, ajudou a escrever três faixas: Dark Light, Mr. Blackwell e A World Without Heroes. Na verdade, esta mudança de posicionamento foi tomada não apenas como prova de competência musical, mas, sobretudo, como uma jogada estratégica para, como sempre, surpreender e chocar público e críticos.

A estética musical de The Elder também difere muito dos discos anteriores. Contando com uma série de vinhetas orquestradas, harpas, violinos e outros instrumentos clássicos, o disco agradou a crítica e surpreendeu os fãs. Alguns adoraram outros repugnaram a nova estética do Kiss, em suma, o resultado de The Elder foi no mínimo estranho.

Não foi realizada nenhuma turnê para a divulgação do disco, mesmo assim, o Kiss apareceu em alguns programas de TV, com um fato que intrigou a todos: sem a presença de Ace, que estava completamente envolvido com álcool e drogas. O guitarrista estava sempre doente e não conseguia acompanhar o grupo. Este envolvimento com drogas foi tão grande que Ace foi obrigado a gravar as suas participações no disco em um estúdio montado na sua casa, pois recusavasse até a participar dos sets de gravação no estúdio com os demais integrantes.

Em maio de 1982 é lançada a coletânea Killers (Matadores), trazendo algumas faixas inéditas. Foi o único álbum não lançado nos EUA. E já com um pé fora da banda, Ace não toca nas quatro faixas inéditas desta compilação. Para substitui-lo, foi escolhido Bob Kulick, irmão de Bruce Kulick (que, anos depois, entraria de vez para a banda), Em 13 outubro de 1982 lançam o disco Creatures of the Night (Criaturas da Noite). Mesmo em face ao envolvimento crescente de Ace com as drogas, ele continuou na banda por motivos contratuais e acabou gravando o álbum. O guitarrista Vinnie Vincent, amigo de Gene, foi chamado para ajudar nas composições e substituir Ace quando ele não aparecia no estúdio. A música I Love it Loud emplacou na MTV americana, recebendo bastante destaque. A estética musical, mais uma vez, foi alterada. O som ficou mais pesado (inclusive, um dos recursos utilizados durante a mixagem do disco para conferir mais "peso" foi colocar o som da bateria bem alto). A capa mostra os rostos maquiados de Paul, Eric, Gene e Ace em close, tendo os olhos fixos para a câmera, com uma expressão de sobre-naturais, reforçada por um brilho ofuscante de seus olhos. Aqui, nota-se claramente o contínuo esforço realizado para conferir "poderes mágicos", no caso, "hipnóticos" aos integrantes da banda.

O clip da música I Love it Loud apresenta a seguinte sinopse: uma família (pai, mãe, filha e filho) está jantando quando começa a passar o clip da banda em um televisor. A mãe, a filha e o pai assistem ao vídeo com ar de desprezo. Ao final, o rapaz tem os olhos iluminados (o mesmo efeito utilizado na capa do disco) e segue em uma marcha com centenas de fãs, de encontro ao Kiss. Com isso, a banda quis passar a idéia de que aquele olhar seria um olhar hipnótico, e de que, a banda controlava as mentes de seus fãs. Mesmo com o clip rodando na MTV, o álbum obteve pouca repercussão. Este clip serviu como reforço para o conceito da capa de Creatures of the Night, de que o Kiss poderia dominar seu público através de poderes míticos. Nessa época Ace definitivamente abandova o Kiss seguindo carreira-solo e cedendo seu lugar a Vinnie Vicent (Vincent Cusano , nascido em Bridgeport, Connecticut no dia 6 de Agosto de 1952 . Suas bandas anteriores foram Treasure, Warrior e Dan Hartman).

O Kiss perdia popularidade na América do Norte, a solução foi excursionar em lugares onde nunca haviam estado antes, como a América do Sul. Realizaram um mega show no Estádio do Morumbi, na cidade do Rio de Janeiro reunindo cerca de 250 mil pessoas, um recorde para o mundo musical sendo o maior público para uma banda sozinha. Gene concedeu, na época, uma entrevista em que falava sobre este show: "O palco será um tanque de guerra, desses do Exército, com dezoito metros de largura. O tanque vai atirar na platéia, haverá bolas de fogo. Nada de cenário, somente o tanque com as luzes em cima. O palco ficará vazio, porque estaremos no tanque, ou em cima dele, na torre, atirando foguetes na platéia com raios elétricos passando à nossa volta. A bateria ficará em cima do canhão do tanque e as caixas de som ficarão suspensas no ar, em cima de nós, até que explodirão, caindo no chão. Teremos também uma cortina de neblina, como se fosse uma nuvem gigantesca que movimenta-se em direção à platéia. Também teremos seis lança-chamas, daqueles que o Exército usou no Vietnã. Vamos atirar na platéia, mas ninguém vai sair machucado. O palco será inundado por uma chuva de fogo que prosseguirá por todo o show. Quanto tocarmos War Machine (Máquina de Guerra), vamos torpedear o público. Além disso, vou cuspir sangue, fogo e vomitar". Os elementos utilizados nesse show (tanque, lança-chamas, etc) inferem o reforço ao conceito de poder que a banda possui: poder de atirar, tocar acordes que estremecem multidões, chocar com seu visual e, principalmente, com "muito poder de fogo".

A revista Manchete, publicou uma cobertura sobre o show, que aconteceu em julho de 1983. Com o título de "Kiss, a explosão do rock", a revista trazia o seguinte comentário: "Parecia uma praça de guerra do futuro, num outro planeta, com quatro seres extraterrenos de caras pintadas e vestes negras, montados num ameaçador tanque, atacando na base de tiros do canhão, lançando chamas e expelindo fumaça, atordoando com as luzes de seus refletores e rajadas de sons ensurdecedores. Assim foi o show do Kiss, realizado para um público de 140 mil pessoas. A banda chegou ao Rio de cara lavada, mas, para a decepção dos fãs, cobrindo seus rostos, como sempre. Um clima de mistério que vende. O camarim estava constituído por uma suíte com quatro camas, ar condicionado, restaurante particular, iguarias, vinhos finos e champanhe francesa. O cachê extra-oficial pago à banda por três shows está estimado em 240 mil dólares". O custo dos shows foi estimado em dois milhões de dólares. A potência sonora, em cerca de 120 decibéis de som".

A Rede Globo de Televisão apresentou um especial sobre o show, porém, desvirtuando totalmente a proposta do grupo. O repórter fez perguntas absurdas como "Por que vocês sacrificam animais no palco?", pergunta que divertiu os integrantes, visto que, em toda a história da banda, não existam relatos de qualquer natureza sobre esse tipo de conduta. Além disso, a Globo entrevistou pessoas totalmente irrelevantes como um menino de 10 anos de idade que disse que preferia os Beatles ao Kiss e que não tinha gostado muito do show; outra entrevista, apresentava um surfista dizendo que só estava alí porque havia ganho o ingresso; e a mais estapafúrdia, uma senhora grávida dizendo que era fã número um da banda.

Além disso, um grupo de fanáticos religiosos tentava impedir à força que o público entrasse no Morumbi, alegando que aquilo (o show) era um culto ao demônio, visto que Kiss, na visão deles, significaria Kids In Service of Satan (Crianças a Serviço do Demônio) ou Kingths In Service of Satan (Cavaleiros a Serviço do Demônio).

Este foi o maior show do Kiss em toda a sua história e o último com pinturas. A imagem adotada por Vinnie foi a de pintar em sua testa uma espécie de lâmpada, chamada de Hankh, o símbolo egípcio da longa vida. Este show realizado no Brasil foi um marco na carreira do Kiss, não só por sua magnitude, mas porque era a primeira vez que a banda excursionava fora do eixo Estados Unidos, Europa, Japão e Austrália.

De volta aos Estados Unidos, um rumor movimentou toda a imprensa. O Kiss iria finalmente, depois de mais de 10 anos de carreira, tirar as suas máscaras. E, diante das câmeras da MTV, no dia 18 de setembro de 1983, o Kiss concedeu sua primeira entrevista coletiva sem pinturas, alegando que estavam fartos da maquiagem. Na verdade, foi uma jogada de marketing para despertar novamente a curiosidade dos fãs.

Na semana seguinte, saia o álbum Lick it Up, o primeiro sem a maquiagem. Agradou em cheio o público americano com músicas como All Hell’s Breakin’ Loose, Lick It Up e Fites Like A Glove. Para promover o disco, realizaram uma pequena turnê pelos Estados Unidos, Canadá e Europa. Não foi uma turnê de grande impacto. Após o fim da excursão, por uma guerra de egos, Vinnie Vincent acabou deixando a banda.

Em julho de 1984 o Kiss entrou em estúdio para gravar o próximo álbum, Animalize. Depois de muito procurar por um substituto para ocupar a vaga deixada por Vinnie Vincent, recrutaram o guitarrista de jazz Mark St. John (Mark Norton, nascido em 7 de Fevereiro de 1956 em Anaheim, Califórnia). Gene Simmons esta ocupado com as filmagens de Runaway, onde interpretou um papel de vilão e assim Paul Stanley assumiu toda a produção do disco. Animalize foi lançado em 13 setembro de 1984 e alcançou o disco de platina, com destaque para as músicas Heaven’s On Fire e Thrills In The Night.

No final deste ano, o Kiss iria iniciar uma turnê pela Europa. Porém, logo no segundo show, o guitarrista Mark St. John sofreu uma crise aguda de tendinite (inflamação dos tendões) e ficou impedido de tocar. O início da turnê teve de ser adiado. O novo integrante da banda foi Bruce Kulick nascido em 12 de Dezembro de 1953 no Brooklyn, Nova York, irmão de Bob Kulick que já havia participado da gravação do álbum Killers em 1982. Bruce já tinha tocado nas bandas Black Jack, Good Rats e Billy Squier. Após alguns ensaios, partiram para a turnê européia, obtendo um bom resultado.

Em 1985, entraram em estúdio para preparar o próximo álbum (o primeiro com Bruce Kulick). Em 16 de setembro do mesmo ano, lançaram Asylum. Os fãs não gostaram do disco, que continha muita música pop. Nessa época, o chamado "Glamour Rock" tomava conta do cenário roqueiro de Nova York. O visual era mais importante do que o som. Uma das principais bandas deste movimento se chamava Poison. Asylum marca o início de uma separação: o Kiss abandonava, gradativamente, as origens do metal e começava a se transformar em uma banda pop. Este disco obteve pouco resultado, gerando apenas uma tour pelos Estados Unidos.

No segundo semestre de 1986 começaram as gravações de X-posed, o primeiro vídeo documentário da história do Kiss. Ele foi lançado no final de 1986. Neste ano, o grupo não gravou nenhum disco nem realizou turnês.

Em 18 setembro de 1987, o Kiss lança o álbum Crazy Nights (Loucas Noites). Como a estética "glam" adotada em Asylum fracassou, o grupo decidiu voltar-se para o rock comercial, porém com um visual mais ameno. Neste disco, além dos eventuais baixo, guitarra e bateria, foram incluídas bases utilizando-se teclados (o que ajudou a reforçar a sonoridade Pop proposta pela banda neste novo trabalho). O disco teve uma aceitação melhor do que os anteriores sem máscara (Lick it Up, Animalize e Asylum, respectivamente), alcançando o disco de ouro uma semana após seu lançamento. A balada "Reason to Live" obteve grande sucesso nas rádios FM.

Em novembro do mesmo ano, iniciam com sucesso uma tour pelos Estados Unidos, com lotação esgotada em todos os shows. Essa tour se estendeu até março de 1988. Seguindo a mesma estética e sonoridade de Crazy Nights, em 16 de novembro de 1988 é lançada a coletânea Smashes, Thrashes and Hits, que traz duas composições inéditas. A única curiosidade é uma versão de Beth com Eric Carr, cantando a música consagrada na voz de Peter Criss. Ao final deste ano, o Kiss acumulava vinte discos de ouro e dezesseis de platina.

Em julho de 1989 o Kiss entra no Fortress Recording Studios para gravar seu novo disco. O contrato que já estava para terminar com a Polygram/Mercury Records foi renovado por mais dez anos. Em 17 de outubro, lançam Hot in the Shade (Quente na Sombra ). A música "Forever", outra parceria da banda com o hit maker Desmond Child, emplacou nas FMs e chegou a fazer parte da tilha de uma novela "Global". Em maio de 1990, a banda inicia uma tour americana com cerca de sessenta shows marcados, mas que acabou se estendendo para cento e trinta (todos lotados) devido à grande demanda. A tour durou até novembro de 1990, culminando com um show em comemoração ao Madson Square Garden (por votação do público de Nova York, o Kiss foi a banda escolhida para animar as festividades, prova de sua popularidade e de seu poder de sedução). Esta tour foi a última da qual participou o baterista Eric Carr.

Em 1991, depois do sucesso da tour Hot in the Shade, a banda entrou novamente em estúdio para a gravação de mais um disco. O produtor seria Bob Ezrin (o mesmo de Destroyer e The Elder). Os trabalhos foram interrompidos, pois Eric Carr começou a sentir fortes dores no peito. Em 09 de abril de 91 foi detectado um tumor maligno no coração do baterista. Anunciado o câncer, Eric ficou internado até o dia 24 de novembro de 91, quando morreu em um hospital de Nova York. Mais uma mudança que alterou a formação do Kiss. Para substituir Eric Carr, foi convocado um músico experiente, que havia tocado com Alice Cooper e Black Sabbath. O escolhido foi Eric Singer nascido em 2 de Maio de 1958 em Cleveland, Ohio. Passou pelas bandas Lita Ford, Black Sabbath, Badlands, Gary Moore, Alice Cooper e Paul Stanley (banda da tounê solo de Paul).

Após os devidos ensaios e alguns shows para apresentar o novo membro, o Kiss lança, 14 em maio de 1992 um álbum que têm como base a volta às origens. O próprio nome do trabalho já refletia esta filosofia, Revenge (Vingança). Com este disco, o Kiss abandona, definitivamente, o "glam" e o Pop e retoma seu rock visceral. A estética sonora é mais crua e direta, ao estilo do trabalho que realizavam na década de 70. Fizeram uma homenagem a Eric Carr gravando a música God Gave Rock And Roll To You II, antigo sucesso do grupo Argent, e incluíram também a faixa Carr Jam ’81, gravação de um antigo solo de bateria de Eric. O álbum obteve relativo sucesso.

Em 1993 os fãs tiveram uma surpresa. O próximo lançamento da banda seguia uma formula utilizada em dois álbuns anteriores. Em 18 de maio deste ano, chega às lojas o disco Alive III reunindo os maiores sucessos da banda (desde 73 até 93) em versões ao vivo, gravadas durante a tour de 1992. Nesta época, Paul Stanley e Gene Simmons foram convidados a deixar suas marcas na famosa calçada de Hollywood, a Rock Walk of Fame.

Em agosto de 1994, o Kiss foi contratado para fechar a primeira edição do Philips Monsters of Rock, na América do Sul. Tocaram no Brasil e realizaram mais algumas apresentações na Argentina (show promovido por uma rádio de Buenos Aires), incluindo também México e Chile.

Em 1995, realizaram uma tour pelo Japão (onde encontra-se um de seus maiores públicos) com lotação esgotada em todos os shows. Começaram a acontecer por todo o mundo as chamadas Kiss Conventions (Convenções Kiss), uma espécie de congresso em que os fãs trocavam informações, fotos, revistas, camisetas, etc. Nesses eventos, era possível conhecer desde sósias dos integrantes até roupas originais utilizadas nos shows. Ao final de cada evento, a banda realizava um show acústico em que os fãs determinavam o repertório. Neste ano, é lançado o livro Kisstory. A biografia da banda pesava quatro quilos e possuía duzentas páginas, sendo vendida através do correio. A idéia era fazer uma "Bíblia do Kiss". O livro, apesar de caro, vendeu bem. As Kiss Conventions foram cada vez aumentando mais, incluindo Estados Unidos e Austrália. Além disso, o Kiss concedia uma coletiva em que os repórteres eram o próprio público. Nessa convenções, a banda arrecadou centenas de dólares com a venda de material promocional. Nesse período, Ace Frehley e Peter Criss foram convidados a colocar suas marcas ao lado dos outros dois integrantes (Paul e Gene) no Rock Walk of Fame de Hollywood.

Em uma dessas convenções em Los Angeles, Peter Criss resolveu comparecer acompanhado de sua filha, foi nessa época em que as mágoas começararam a ser deixar os integrantes da banda e eles voltaram a velha amizade. Tempos depois, em uma outra convenção, Gene manda uma limousine buscar Peter e sua filha, e durante a apresentação, Criss é convidado para subir ao palco e cantar Hard luck Woman com Eric Singer na bateria.

Depois desse emocionante encontro, tiveram a idéia de convidar Ace para tocar com a banda novamente. Esse encontro acontece quando resolvem seguir a onda que a MTV americana lançou com os chamados MTV Unplugged (shows acústicos realizados pelas bandas, em que o repertório consiste numa releitura de seus maiores hits). Em 1995 o Kiss grava o seu programa (veiculado pela MTV americana e brasileira) e registra o show em CD lançado em 12 de março de 1996. A chamada para o disco era "Kiss Unplugged – The Kiss Reunion!". O termo reunion (reunião) refere-se ao fato de que, além de tocarem antigos sucessos em versões acústicas, Peter Criss e Ace Frehley participaram do trabalho. No meio do show os dois são convidados a subir no palco para tocar Beth e 2,000 Man enquanto Bruce e Singer esperavam, e acabadas a apresentação dessas músicas eles voltaram todos juntos para cantar Nothin' To Lose e Rock and Roll All Nite. O resultado foi uma vendagem excelente e o disco se torna o segundo disco mais vendido da série MTV Unplugged.

Começaram rumores sobre a volta da formação original da década de 70 (Peter, Paul, Gene e Ace). Os rumores começaram a tomar corpo e, no mesmo ano de 1996, o Kiss marcou uma entrevista coletiva, em Nova York, para a imprensa mundial. Os repórteres ficaram surpresos ao verem Gene, Paul, Ace e Peter mascarados, utilizando a mesma estética dos anos 70, anunciarem a volta oficial da banda e o afastamento de Eric Singer e Bruce Kulick, sem mágoas. O resultado foi surpreendente para a banda. No primeiro dia de venda dos ingressos para o primeiro show da Kiss Reunion Tour, que aconteceu em 29 de junho de 1996 no Tiger Stadium, os 79 mil ingressos colocados à venda esgotaram-se em 47 minutos. Devido ao sucesso, a banda começou a agendar uma série de shows para esta turnê. Cada show previa um público mínimo de dez mil pessoas. No repertório, sucessos dos álbuns Alive! e Alive II. Um dos shows mais importantes desta fase foi o realizado durante o Monsters of Rock, em Domington (Inglaterra).

A histeria do público, reascendeu no Kiss, o espírito, há muito perdido, que a banda possuía no início da carreira. Mas nessa época o Kiss lança duas coletâneas, uma ao vivo You Want The Best, You Got The Best em 25 de Junho de 1995 com quatro músicas ao vivo nunca gravadas num disco: Room Service, Two Timer, Let Me Know e Take Me, o resto foi tirado dos Alive! e Alive II.

No ano seguinte a outra coletânea chamada Greatest Kiss, onde todas as músicas são da fase maquiada e a única curiosidade é Shout It Out Loud gravada ao vivo em 1996 no Tiger Stadium. O único material novo foi o polêmico álbum Carnival Of Souls (The Final Sessions) lançado em 1997, gravado ainda com Singer e Kulick na banda. Um disco grunge que surpreende a todos. Nem deveria Ter sido lançado, mas devido a toda a pirataria que envolvia esse material Gene Simmons resolveu lança-lo oficialmente. O destaque fica por conta da faixa Master and Slave.

Com o final da turnê Reunion, a banda começa a gravar o primeiro disco com a volta da formação original, após 18 anos. Resolvem voltar com tudo e chama o competente produtor Bruce Fairbairn , famoso por trabalhos com Bom Jovi e Aerosmith. (Nota: Psycho Circus foi um dos últimos trabalhos Fairbairn, que viria a morrer quase 1 ano após seu lançamento). E finalmente, em 22 de setembro de 1998 é lançado o disco Psycho Circus. Um álbum excelente onde fica evidentemente marcada a volta do Kiss a maravilhosa década de 70. O disco abre com a ótima Psycho Circus, uma espécie de Detroit Rock City dos anos 90. Outros destaques ficam por conta de Into the Void com Ace nos vocais, We Are One uma balada que fez muito sucesso nas FM’s, Raise Your Glasses e Dreamim entre outras. Na versão japonesa contem ainda a música In Your Face também cantada por Ace. No geral foi concebido para ser um Destroyer moderno e conseguiu ser tão bom quanto o mesmo.

Partiram para a Psycho Tour, o primeiro show 3D da história da música. A estréia dessa turnê aconteceu no dia 31 de Outubro de 98, dia do Halloween, no Dodger Stadium em Los Angeles. Para abrir o show convidaram os Smashing Pumpkins. Na porta do estádio eram distribuídos óculos especiais para o público visualizar os efeitos em terceira dimensão. Realizam nesse show tudo o que tiveram em mente: explosões, fumaça, efeitos de luz e som, números cospe-fogo e cospe-sangue, 10 minutos de fogos de artifícios no encerramento do espetáculo e o primeiro-telão em tempo real já visto num show, sem contar a apresentação maluca do Psycho Circus, uma trupe circense nada convencional que está acompanhando o Kiss em sua turnê mundial. Também pudera, a produção do show está longe de ser modesta, foram desembolsados 10 milhões de dólares para que fosse realizada tal monstruosidade visual e sonora.

Nesse mesmo dia, o público pode conferir na porta do estádio um protótipo do KissMóvel. Um carro para duas pessoas produzido em edição limitada, cerca de mil unidades. Os faróis têm o logo do Kiss e um amplificador no painel.

Em abril de 1999, estiveram pela primeira vez no Brasil com a formação original. Fizeram duas apresentações, em Porto Alegre e em São Paulo, reunindo cerca de 50 mil pessoas.

Em Janeiro de 1999 apareceram na Playboy com quarenta mulheres devidamente maquiadas. Em 13 de Agosto do mesmo ano lançaram o filme Detroit Rock City, que conta a história de 4 garotos que farão de tudo para assistir um show do Kiss. Dizem ainda, que estão em negociação com a Coca-Cola para produzir um novo refrigerante, o Kiss-Cola.

Paul Stanley se divide entre o Kiss e as apresentações da peça teatral O Fantasma da Ópera, na qual faz o papel principal. Nesse ano, boatos diziam que Ace Frehley abandonaria a banda novamente, mas a verdade é que a banda já esta preparando terreno para mais uma turnê, a Millenium Concert Events, que está sendo programada para a virada do século.

Enquanto isso, eles marcam participações na WCW, a famosa luta-livre americana, lançando um lutador batizado de God Of Thunder, deixam suas marcas na Calçada da Fama em Hollywood, recebem discos de platina, participam de campanhas anti-drogas e tudo mais.

Ao todo, são quase 25 anos de carreira, cerca de 31 discos oficiais, 50 singles, além de 100 discos piratas cadastrados na discografia oficial da banda, que fazem parte da história do mito. Este é o Kiss uma banda que sempre defendeu a liberdade, calcados na rebeldia saudável da juventude, glorificando a liberdade e a felicidade, além dos temas românticos.

O Kiss nunca foi elogiado pela crítica, o próprio Gene declarou que a banda não tem credibilidade nenhuma. Pink Floyd, Stones e U2 se inspiraram no Kiss para produzir seus mega-shows. Mas para Paul e Gene nada disso importa, pois enquanto houverem fãs se esgoelando na platéia e tietes dispostas a mostrar os peitos nas primeiras filas, o show deve e vai continuar.



Conheça melhor o trabalho do Kiss