Fonte: Guitar Edge
A revista “Guitar Edge” trouxe uma extensa entrevista com os três guitarrista do Iron Maiden em sua última edição, na qual falam sobre turnê, novo álbum, influências e muito mais.
Confira a entrevista na íntegra, em português, com exclusividade no Imprensa Rocker!
Enquanto o Iron Maiden conclui a perna norte-americana da atual turnê, a série de shows pode ser considerada um sucesso, com quase todo show vendendo todos os ingressos em tempo recorde. Mas independente das incríveis vendas, houve um pouco de frustração entre os fãs antigos do Maiden. As críticas envolveram o set lista da turnê, que consistiu de novo material ao invés dos verdadeiros e testados clássicos da banda. De fato, no show que a “Guitar Edge” foi, o repertório foi o assunto mais comentado pelo público – mais até do que as cervejas de 13 dólares. Mas não deixe isto de enganar ou fazê-lo acreditar que o título do novo álbum significa a aposentadoria do Maiden, como implicam os boatos. O Iron Maiden ainda se fortalece e maravilhosamente continua a cimentar seu lugar nos livros de história do Heavy Metal, mesmo após 35 ilustres anos como uma das maiores bandas de Metal do mundo. “The Final Frontier”, o 15º álbum de estúdio do Maiden estreou em quarto lugar nas paradas da Billboard nos Estados Unidos, se tornando o mais bem sucedido disco da banda até hoje nas paradas – sem mencionar que é o mais longo, totalizando 76 minutos e 34 segundos. Até esta matéria ficar pronta, o álbum também estreou em primeiro lugar nas paradas de mais de 20 países, inclusive em terras distantes, como Suíça, Japão e Brasil.
Nós nos encontramos com os guitarristas do Maiden para conversar sobre composições e tons um pouco antes deles saírem para necessárias férias – um curto fôlego antes de continuar a turnê no início de 2011.
Como foi a turnê?
Dave Murray: A presença dos fãs foi absolutamente incrível. Nós amamos tocar e colaborar uns com os outros, e quando entramos no palco e o público está enlouquecido, bem… Há muitas coisas piores que poderíamos estar fazendo (risos). Em poucos shows nós ajustamos tudo e e colocamos tudo no lugar. Antes da turnê começar, nós ensaiamos todo dia, mas quando você entra no palco, você tem todas estas distrações com as quais tem de se acostumar. Temos um novo Eddie para cada álbum e o de agora parece bem perverso, bem assustador, como um cruzamento de um alien com um predador.
Janick Gers: O público tem gostado bastante e estamos tocando material mais recente. Tocamos apenas uma canção do novo álbum, que é “El Dorado”, que foi a que disponibilizamos gratuitamente em nosso site antes do álbum sair, mas não tocamos outras músicas do novo disco, porque começamos a turnê antes dele sair. Nos anos 80 você poderia até fazer isso, mas agora você tem o “Youtube” e as músicas estariam disponíveis por aí. O timing entre esta turnê e o lançamento deste álbum foi meio dessincronizado. Quando continuarmos a turnê, no começo do próximo ano, esperamos tocar muitas das canções do novo álbum.
Nos conte sobre as composições do “The Final Frontier”.
Adrian Smith: Steve (Harris) já não escreve tanto, então é basicamente eu, Janick e Dave trazendo as músicas. Foram todas canções recém compostas. Steve está mais interessado nas letras e nas melodias, assim como Bruce (Dickinson), e Steve coproduziu o álbum. Então todos contribuíram.
Murray: Nós trazíamos canções completas e Steve escrevia as letras. Em uma canção, “When The Wild Wind Blows”, Steve escreveu tanto a música quanto a letra. Passamos algumas semanas na França ensaiando, tiramos um mês de folga e quando chegou a hora de irmos para o estúdio, já tínhamos 70% do material pronto para gravar.
Smith: Gravamos o álbum nos estúdios “Compass Point” – onde muitos dos álbuns históricos do Maiden foram feitos – nas Bahamas. Steve vive em Nassau agora e Kevin Shirley (o produtor do álbum) havia acabado de finalizar um álbum no “Compass Point” e gostou, então achamos que seria divertido voltar para lá. É uma boa sala. Tecnicamente, não é o melhor estúdio, mas a sala soa muito bem.
Gers: E antes da turnê, trabalhamos em tocar estas canções de 10 minutos ao vivo, do início ao fim, e não pedaço por pedaço.
Há muitos grandes e inesperados momentos no “The Final Frontier”, como os acordes fusion no vocal de entrada de “Sattelite 15”… The Final Frontier”.
Murray: Aquilo foi tirado da demo de Adrian e foi ele quem tocou aqueles acordes interessantes.
Smith: Também em “Isle of Avalon”. Eu suponho que quando você toca sobre uma progressão de acordes como aquela, a canção acaba indo para um lado meio fusion.
Sim, o solo de “The Isle of Avalon” começa com um formato de som de Jazz. Vocês podem explicar?
Smith: A idéia era fazer as coisas de uma forma um pouco diferente, um pouco mais livre. Eu não sei quais escalas usei, porque eu nu Ca estudei música e não sei ler música. Eu toco de ouvido, como a maioria dos músicos de Rock, e só conheço o que escuto.
Gers: Foi um compasso 7/8 e haviam muitas coisas diferentes em contratempo com a bateria, e apenas usamos o que queríamos usar. Mas eu toco o que acho que encaixa. Eu não apareceria com algo completamente estranho, se não achasse que encaixaria.
Nos conte como vocês fazem para gravar os solos.
Smith: Geralmente demora uma ou duas horas para termos um bom solo – para ter um bom som, fazer alguns takes, algumas revisadas e editar. Normalmente usamos o primeiro take, porque tem espontaneidade e energia, e então consertamos algumas coisinhas.
Murray: Para os solos, você vai lá e apenas detona. Kevin então diz, “faça outro”, e você acaba fazendo três ou quatro vezes e vai a todo tipo de lugar. Então Kevin edita para que faça sentido.
Gers: Tentamos fazer com que o solo se encaixe na música, e faça que a canção fique melhor. Há uma balança a se levar e conta – você quer deixar uma canção ótima e quer fazer um solo que melhore esta canção, mas não há necessidade de sair feito louco cada vez que você tem 10 segundos. Já passei desta fase, eu sei que posso fazer, mas esta não é a questão. Quero dizer, posso tocar tão rápido quanto quiser, mas isto não irá melhorar a música. Eu toco menos muitas vezes.
Com três guitarristas podemos ter uma megalomania de guitarras na qual todos enlouqueceríamos, mas isto não ajudaria a banda. Alguém com um grande ego não funcionaria nesta banda. Todos nós soamos tão diferentes, temos estilos diferentes, e abordamos a guitarra diferentemente, e isto parece se combinar para criar algo bem poderoso.
Qualquer um de nós poderia ser o guitarrista principal em outra banda, mas é um lance parecido com Keith Richards e Ronnie Wood. Ronnie é um tremendo guitarrista, mas você não enxerga isso realmente. Ele se une com Keith e juntos são melhores do que os dois individualmente. É meio como nós fazemos. Um de nós fica por trás para que o outro venha para a frente, ou tocamos menos numa sessão para que quando nos juntarmos, saia um cruzamento do som com um tocando u final alto, o outro tocando um final grave e o outro fazendo a base. Eu vejo isto como um grande quadro.
Quem são as influências de guitarra de vocês?
Smith: Originalmente eu era vocalista, então comecei a tocar guitarra e me tornei um guitarrista/vocalista, então talvez meu estilo seja mais rítmico, por causa do meu vocal. Sempre toquei em guitarras com dois guitarristas, e costumávamos tocar coisas de bandas como Wishbone Ash e Thin Lizzy. Todos nós crescemos escutando o mesmo tipo de música. Quando eu era garoto, eram os Beatles – eles deixaram uma grande impressão – Free e artistas de Blues/Rock, como Johnny Winter, Pat Travers, Gary Moore e Deep Purple.
Gers: Sim, cresci escutando o Deep Purple. Amo a voz de Ian Gillan, ainda me arrepia. Jeff Beck provavelmente é meu preferido. E tem Rory Gallagher, Django Reinhardt, David Gilmour, Paul Kossoff, Jimmy Page – mais pela forma de tocar as bases, que é incrível – e Tommy Bolin. Bolin não era um grande leitor de música, mas ele tocava com Billy Cobham. Ele não tem idéia do que está tocando, mas está sentindo. B.B. King, Eric Clapton… Estes caras nunca foram para a escola. Eles apenas sentiam.
Para mim, música é tocar o que você sente. Vem daqui (Gers aponta para o coração) e não daqui (ele aponta para a cabeça). Acho impossível tocar a mesma coisa duas vezes, porque me sinto diferente cada vez – e se você toca como se sente, como pode tocar a mesma coisa duas vezes? Não vim da “Berklee School” onde você trabalha em uma batida na sala de aula por seis dias. Não tenho problemas com isto, mas não é o que procuro.
A banda é conhecida pelas partes em harmonia, mas o que acontece nos casos das oitavas, como em “El Dorado”? Vocês separam as oitavas em múltiplas guitarras ou cada um toca todas as oitavas?
Murray: Adrian toca a base em “El Dorado” e Janick e eu tocamos juntos as oitavas. Nós não separamos as partes em altas e baixas oitavas, mas não há uma fórmula ou padrão estrito. Apenas vamos lá e fazemos e deixamos fluir. Portanto, quando precisamos aprender as músicas para uma turnê, realmente precisamos reaprender muita coisa que fizemos no estúdio.
Gers: Frequentemente faço overdubs de oitavas, porque isto evidencia a melodia, mas eles podem estar em qualquer lugar. Posso colocá-las e mais tarde removê-las. O que importa são as freqüências fazer a guitarra soar maior – as guitarras soam comprimidas e finas como abelhas num jarro.
Qual o segredo para fazer funcionar um banda com três guitarristas?
Gers: Para mim, o que importa para as bandas é a química. Não importa os músicos individualmente. Muitas bandas tem isto de uma forma destrutiva e isto acaba tendo um efeito negativo; destrói a banda. O The Who criou um efeito positivo através da negatividade; eles tinha grandes argumentos. O mesmo com o Deep Purple.
Você pega os melhores músicos do mundo e ainda assim poderá ter uma banda de merda se não houver química. Ou você pode pegar John Lennon, Ringo Starr, Paul McCartney e George Harrison, que não eram músicos brilhantes, juntá-los e ter a melhor banda do mundo. Isto é o que faz as bandas acontecerem, e se você tem isto, você tem muita sorte.
A revista “Guitar Edge” trouxe uma extensa entrevista com os três guitarrista do Iron Maiden em sua última edição, na qual falam sobre turnê, novo álbum, influências e muito mais.
Confira a entrevista na íntegra, em português, com exclusividade no Imprensa Rocker!
Enquanto o Iron Maiden conclui a perna norte-americana da atual turnê, a série de shows pode ser considerada um sucesso, com quase todo show vendendo todos os ingressos em tempo recorde. Mas independente das incríveis vendas, houve um pouco de frustração entre os fãs antigos do Maiden. As críticas envolveram o set lista da turnê, que consistiu de novo material ao invés dos verdadeiros e testados clássicos da banda. De fato, no show que a “Guitar Edge” foi, o repertório foi o assunto mais comentado pelo público – mais até do que as cervejas de 13 dólares. Mas não deixe isto de enganar ou fazê-lo acreditar que o título do novo álbum significa a aposentadoria do Maiden, como implicam os boatos. O Iron Maiden ainda se fortalece e maravilhosamente continua a cimentar seu lugar nos livros de história do Heavy Metal, mesmo após 35 ilustres anos como uma das maiores bandas de Metal do mundo. “The Final Frontier”, o 15º álbum de estúdio do Maiden estreou em quarto lugar nas paradas da Billboard nos Estados Unidos, se tornando o mais bem sucedido disco da banda até hoje nas paradas – sem mencionar que é o mais longo, totalizando 76 minutos e 34 segundos. Até esta matéria ficar pronta, o álbum também estreou em primeiro lugar nas paradas de mais de 20 países, inclusive em terras distantes, como Suíça, Japão e Brasil.
Nós nos encontramos com os guitarristas do Maiden para conversar sobre composições e tons um pouco antes deles saírem para necessárias férias – um curto fôlego antes de continuar a turnê no início de 2011.
Como foi a turnê?
Dave Murray: A presença dos fãs foi absolutamente incrível. Nós amamos tocar e colaborar uns com os outros, e quando entramos no palco e o público está enlouquecido, bem… Há muitas coisas piores que poderíamos estar fazendo (risos). Em poucos shows nós ajustamos tudo e e colocamos tudo no lugar. Antes da turnê começar, nós ensaiamos todo dia, mas quando você entra no palco, você tem todas estas distrações com as quais tem de se acostumar. Temos um novo Eddie para cada álbum e o de agora parece bem perverso, bem assustador, como um cruzamento de um alien com um predador.
Janick Gers: O público tem gostado bastante e estamos tocando material mais recente. Tocamos apenas uma canção do novo álbum, que é “El Dorado”, que foi a que disponibilizamos gratuitamente em nosso site antes do álbum sair, mas não tocamos outras músicas do novo disco, porque começamos a turnê antes dele sair. Nos anos 80 você poderia até fazer isso, mas agora você tem o “Youtube” e as músicas estariam disponíveis por aí. O timing entre esta turnê e o lançamento deste álbum foi meio dessincronizado. Quando continuarmos a turnê, no começo do próximo ano, esperamos tocar muitas das canções do novo álbum.
Nos conte sobre as composições do “The Final Frontier”.
Adrian Smith: Steve (Harris) já não escreve tanto, então é basicamente eu, Janick e Dave trazendo as músicas. Foram todas canções recém compostas. Steve está mais interessado nas letras e nas melodias, assim como Bruce (Dickinson), e Steve coproduziu o álbum. Então todos contribuíram.
Murray: Nós trazíamos canções completas e Steve escrevia as letras. Em uma canção, “When The Wild Wind Blows”, Steve escreveu tanto a música quanto a letra. Passamos algumas semanas na França ensaiando, tiramos um mês de folga e quando chegou a hora de irmos para o estúdio, já tínhamos 70% do material pronto para gravar.
Smith: Gravamos o álbum nos estúdios “Compass Point” – onde muitos dos álbuns históricos do Maiden foram feitos – nas Bahamas. Steve vive em Nassau agora e Kevin Shirley (o produtor do álbum) havia acabado de finalizar um álbum no “Compass Point” e gostou, então achamos que seria divertido voltar para lá. É uma boa sala. Tecnicamente, não é o melhor estúdio, mas a sala soa muito bem.
Gers: E antes da turnê, trabalhamos em tocar estas canções de 10 minutos ao vivo, do início ao fim, e não pedaço por pedaço.
Há muitos grandes e inesperados momentos no “The Final Frontier”, como os acordes fusion no vocal de entrada de “Sattelite 15”… The Final Frontier”.
Murray: Aquilo foi tirado da demo de Adrian e foi ele quem tocou aqueles acordes interessantes.
Smith: Também em “Isle of Avalon”. Eu suponho que quando você toca sobre uma progressão de acordes como aquela, a canção acaba indo para um lado meio fusion.
Sim, o solo de “The Isle of Avalon” começa com um formato de som de Jazz. Vocês podem explicar?
Smith: A idéia era fazer as coisas de uma forma um pouco diferente, um pouco mais livre. Eu não sei quais escalas usei, porque eu nu Ca estudei música e não sei ler música. Eu toco de ouvido, como a maioria dos músicos de Rock, e só conheço o que escuto.
Gers: Foi um compasso 7/8 e haviam muitas coisas diferentes em contratempo com a bateria, e apenas usamos o que queríamos usar. Mas eu toco o que acho que encaixa. Eu não apareceria com algo completamente estranho, se não achasse que encaixaria.
Nos conte como vocês fazem para gravar os solos.
Smith: Geralmente demora uma ou duas horas para termos um bom solo – para ter um bom som, fazer alguns takes, algumas revisadas e editar. Normalmente usamos o primeiro take, porque tem espontaneidade e energia, e então consertamos algumas coisinhas.
Murray: Para os solos, você vai lá e apenas detona. Kevin então diz, “faça outro”, e você acaba fazendo três ou quatro vezes e vai a todo tipo de lugar. Então Kevin edita para que faça sentido.
Gers: Tentamos fazer com que o solo se encaixe na música, e faça que a canção fique melhor. Há uma balança a se levar e conta – você quer deixar uma canção ótima e quer fazer um solo que melhore esta canção, mas não há necessidade de sair feito louco cada vez que você tem 10 segundos. Já passei desta fase, eu sei que posso fazer, mas esta não é a questão. Quero dizer, posso tocar tão rápido quanto quiser, mas isto não irá melhorar a música. Eu toco menos muitas vezes.
Com três guitarristas podemos ter uma megalomania de guitarras na qual todos enlouqueceríamos, mas isto não ajudaria a banda. Alguém com um grande ego não funcionaria nesta banda. Todos nós soamos tão diferentes, temos estilos diferentes, e abordamos a guitarra diferentemente, e isto parece se combinar para criar algo bem poderoso.
Qualquer um de nós poderia ser o guitarrista principal em outra banda, mas é um lance parecido com Keith Richards e Ronnie Wood. Ronnie é um tremendo guitarrista, mas você não enxerga isso realmente. Ele se une com Keith e juntos são melhores do que os dois individualmente. É meio como nós fazemos. Um de nós fica por trás para que o outro venha para a frente, ou tocamos menos numa sessão para que quando nos juntarmos, saia um cruzamento do som com um tocando u final alto, o outro tocando um final grave e o outro fazendo a base. Eu vejo isto como um grande quadro.
Quem são as influências de guitarra de vocês?
Smith: Originalmente eu era vocalista, então comecei a tocar guitarra e me tornei um guitarrista/vocalista, então talvez meu estilo seja mais rítmico, por causa do meu vocal. Sempre toquei em guitarras com dois guitarristas, e costumávamos tocar coisas de bandas como Wishbone Ash e Thin Lizzy. Todos nós crescemos escutando o mesmo tipo de música. Quando eu era garoto, eram os Beatles – eles deixaram uma grande impressão – Free e artistas de Blues/Rock, como Johnny Winter, Pat Travers, Gary Moore e Deep Purple.
Gers: Sim, cresci escutando o Deep Purple. Amo a voz de Ian Gillan, ainda me arrepia. Jeff Beck provavelmente é meu preferido. E tem Rory Gallagher, Django Reinhardt, David Gilmour, Paul Kossoff, Jimmy Page – mais pela forma de tocar as bases, que é incrível – e Tommy Bolin. Bolin não era um grande leitor de música, mas ele tocava com Billy Cobham. Ele não tem idéia do que está tocando, mas está sentindo. B.B. King, Eric Clapton… Estes caras nunca foram para a escola. Eles apenas sentiam.
Para mim, música é tocar o que você sente. Vem daqui (Gers aponta para o coração) e não daqui (ele aponta para a cabeça). Acho impossível tocar a mesma coisa duas vezes, porque me sinto diferente cada vez – e se você toca como se sente, como pode tocar a mesma coisa duas vezes? Não vim da “Berklee School” onde você trabalha em uma batida na sala de aula por seis dias. Não tenho problemas com isto, mas não é o que procuro.
A banda é conhecida pelas partes em harmonia, mas o que acontece nos casos das oitavas, como em “El Dorado”? Vocês separam as oitavas em múltiplas guitarras ou cada um toca todas as oitavas?
Murray: Adrian toca a base em “El Dorado” e Janick e eu tocamos juntos as oitavas. Nós não separamos as partes em altas e baixas oitavas, mas não há uma fórmula ou padrão estrito. Apenas vamos lá e fazemos e deixamos fluir. Portanto, quando precisamos aprender as músicas para uma turnê, realmente precisamos reaprender muita coisa que fizemos no estúdio.
Gers: Frequentemente faço overdubs de oitavas, porque isto evidencia a melodia, mas eles podem estar em qualquer lugar. Posso colocá-las e mais tarde removê-las. O que importa são as freqüências fazer a guitarra soar maior – as guitarras soam comprimidas e finas como abelhas num jarro.
Qual o segredo para fazer funcionar um banda com três guitarristas?
Gers: Para mim, o que importa para as bandas é a química. Não importa os músicos individualmente. Muitas bandas tem isto de uma forma destrutiva e isto acaba tendo um efeito negativo; destrói a banda. O The Who criou um efeito positivo através da negatividade; eles tinha grandes argumentos. O mesmo com o Deep Purple.
Você pega os melhores músicos do mundo e ainda assim poderá ter uma banda de merda se não houver química. Ou você pode pegar John Lennon, Ringo Starr, Paul McCartney e George Harrison, que não eram músicos brilhantes, juntá-los e ter a melhor banda do mundo. Isto é o que faz as bandas acontecerem, e se você tem isto, você tem muita sorte.
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